Deputado prof. Alcides expõe Goiás a vexame nacional com indicação política para o Iphan, órgão técnico que exige especialização e experiência para cuidar do patrimônio histórico e artístico
Em um momento infeliz, o deputado federal professor Alcides(foto), do PP, apadrinhou um advogado que leciona Direito na sua faculdade para chefiar o Iphan em Goiás. O órgão, essencialmente técnico, cuida do patrimônio histórico e artístico do Estado, lidando com temas delicados e especializados que às vezes têm repercussão mundial, caso da Cidade de Goiás – a velha capital que foi tombada pela Unesco, órgão da ONU, como Patrimônio Histórico da Humanidade, e por isso mesmo exige uma gestão e um acompanhamento constantes.
Não é coisa de se dar a interferências políticas, o que o ministro da Cidadania Osmar Terra fez ao destinar o Iphan ao professor Alcides dentro de uma hipotética cota para nomeações federais em Goiás. Entregar órgãos da União nos Estados para que tenham seus dirigentes indicados pelas suas bancadas federais a é uma prática envelhecida, do passado, que perdeu completamente o sentido nos tempos modernos, exatamente porque os cargos – tais quais a Delegacia da Receita Federal ou a Delegacia do INSS ou o próprio Iphan – são muito específicos e exigem dos seus ocupantes características de profissionalização e expertise. Isso tanto é verdade que a metade dos deputados federais goianos abriu mão de fazer as indicações, entendendo a sua inoportunidade e inconveniência. E que não se tem a ganhar nada com isso, muito menos politica ou eleitoralmente.
Ingenuamente ou por ma fé, professor Alcides caiu em uma esparrela ao indicar e ver nomeado o advogado Allyson Cabral, das suas relações pessoais, para comandar o Iphan estadual. E o suposto beneficiado pior ainda, ao aceitar. Uma celeuma e uma crise foram instaladas e provavelmente só vão se encerrar se houver um recuo, com o Iphan sendo corretamente entregue a quem entende e tem conhecimento de preservação do patrimônio histórico e artístico.