Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

18 dez

O Popular, que não tem opinião sobre nada, é uma desgraça para Goiás ao defender o corporativismo do funcionalismo e os absurdos incentivos fiscais dos últimos 20 anos, nocivos para as goianas e os goianos

O fato de ser o mais importante veículo de comunicação do Estado e, consequentemente, o de maior repercussão, não deveria servir de justificativa para os absurdos cometidos por O Popular – um jornal desfibrado pela falta de opinião e de qualquer compromisso com Goiás, limitado à visão supostamente técnica da sua equipe e à alienação política dos proprietários, a família Câmara.

Nunca, como nas últimas edições, O Popular foi tão nocivo para Goiás. Encontram-se na Assembleia os projetos mais cruciais que já se viram para a implantação de uma agenda de mudanças no Estado, dentro de um filtro liberal – e por que não?, que atende a uma necessidade inadiável de redução de gastos e de racionalização da máquina pública – que o jornal obrigatoriamente deveria reproduzir, pelo menos noticiando igualmente as concepções em confronto. Mas não é o caso. O que se lê nas páginas do que deveria ser um órgão de comunicação comprometido com a modernidade são as entrevistas e os pontos de vistas daqueles que são contrários a qualquer avanço, na tentativa de salvaguardar os privilégios que detêm, caso tanto dos representantes sindicais dos servidores quanto dos mais apaixonados procuradores do megaempresariado beneficiado pelos privilégios fiscais.

É a única explicação para que O Popular conceda uma página para o advogado Flávio Carvalho, que tem contrato com a nefanda Adial, para atacar o governo do Estado e sua proposta de revisão das isenções de ICMS que se constituem no maior crime praticado contra os interesses das goianas e goianos, ao implicar em uma renúncia fiscal de R$ 8,2 bilhões (conforme a previsão orçamentária de 2020). Veja bem, leitora e leitor, sem a concessão de qualquer espaço para a apresentação dos argumentos que justificam a revisão  ora em andamento, o que poderia vir através da secretária da Economia Cristiane Schmidt ou de qualquer funcionário da pasta.

É um suplício abrir O Popular diariamente, sob o condicionamento da sua possível influência construída em décadas de história nem sempre digna ou brilhante, para se deparar com editoriais descritivos e manchetes longe, mas muito longe da isenção e da imparcialidade. Venhamos e convenhamos: a sua equipe não está acima de críticas. Ao contrário, deve satisfações correspondentes ao peso que o produto colocado diariamente no mercado tem… embora tão equivocadamente.