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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 abr

Planos de saúde deveriam ser solidários com os segurados e oferecer descontos e proteção, na crise do coronavírus (leia na coluna de Elio Gaspari, hoje). Mas a Unimed segue omissa

É uma vergonha a completa e absoluta omissão da Unimed, maior plano de saúde em operação em Goiás (há outros, menores, que estão no mesmo caminho). Com a quarentena, foram diminuídas ou até reduzidas a zero as cirurgias eletivas, as consultas de rotina, o atendimento de emergência, os exames laboratoriais e mais toda a gama de serviços médicos que acontece em grande volume em épocas de normalidade – tudo, obviamente, com o objetivo de reduzir as possibilidades de contágio e proliferação do novo coronavírus.

Quer dizer: caíram as despesas que a Unimed cobre e teria a pagar e caíram drasticamente. A sua arrecadação, no entanto, está mantida. Isso significa uma sobra de caixa que pode chegar a centenas de milhões de reais, o que permitiria algum tipo de alívio para os usuários – só que, não, a empresa, que gosta de se apresentar como cooperativa, porém na prática não o é, parece estar aproveitando para fazer rechear suas burras às custas dos seus clientes, embora legalmente e talvez não moralmente e eticamente. Como dito, não é só a Unimed. Todos os demais planos de saúde que funcionam em Goiás estão fazendo o mesmo. E não se diga que é preciso criar mecanismos para prevenir uma alta da demanda por atendimento médico, uma vez que o combate à nova doença foi centralizada nos hospitais públicos, os únicos que contam com os equipamentos necessários para acolher os pacientes.

A título de comparação, leitora e leitor, confiram a coluna do jornalista Elio Gaspari, em O Popular desta quarta, 1º de abril. Ele conta que, nos Estados Unidos, as seguradoras de saúde adotaram um comportamento solidário com os seus beneficiários: “Na semana passada a seguradora Aetna (22 milhões de segurados) anunciou que não
cobraria alguns pagamentos laterais exigidos nos contratos. A iniciativa espalhou-se com a rapidez do vírus, e 78 operadoras anunciaram diversas modalidades de ajuda. David Cordani, CEO da seguradora Cigna (12 milhões de segurados), informou: ‘Nossos clientes com Covid-19 devem se preocupar com a luta contra o vírus e em
prevenir sua propagação. Enquanto eles estiverem focados na recuperação de suas saúdes, terão nossa proteção'”.

É só um exemplo. Em uma situação de calamidade pública, instituições com abragência coletiva deveriam se adequar e responder à altura com as suas responsabilidades sociais.  Infelizmente, para a Unimed e demais planos de saúde , que não têm disponível até hoje uma reles vacina contra a gripe comum, apesar dos tempos de emergência epidemiológica, o coronavírus está se revelando uma grande oportunidade para ganhar dinheiro às custas da sua massa de “beneficiários”. Muito dinheiro.