Toda permanência de um grupo político no poder é nociva para a sociedade: a alternância é sempre saudável, como provou o fim dos governos do PSDB e a chegada de Caiado
Não é possível ver com bons olhos o que está acontecendo em Aparecida. Sem oposição, o prefeito Guswtavo Mendanha, do MDB, vai para mais um mandato, fazendo com o que o seu grupo político, no final, complete 16 anos à frente da prefeitura. É muito tempo, ainda mais na velocidade dos dias de hoje. A administração acaba prejudicada por um ar viciado, em que os mesmos nomes se repetem, os mesmos erros, as mesmas práticas que vão deixando de funcionar. Tanto que, depois de oito anos de Maguito Vilela e quatro de Gustavo, Aparecida segue em frente com um amontoado de problemas sociais e deficiências inacreditáveis em matéria de infraestrutura, com quase a metade da população distante dos beneficíos civilizatórios mais banais – tais quais o saneamento básico e as ruas asfaltadas. Um imenso abismo social , enfim. Provado, portanto, que a unanimidade que despontou em torno do atual prefeito é… burra.
Maguito prometeu pavimentar todos os bairros. Gustavo Mendanha repetiu como um papagaio. Nem um nem outro pássou nem perto. Entre 60 a 80 setores têm os seus moradores respirando poeira, na seca, e pisando na lama, nas chuvas. A “modernização” cantada em prosa e verso pelos dois prefeitos não passa de um centro de monitoramento de algumas vias de maior movimento, através de câmeras, que foi comprado da Huawei, multinacional chinesa com a qual o ex-deputado federal e atual presidente do MDB Daniel Vilela tem laços estreitos e da qual é uma espécie de representante no Brasil.
O que mais Aparecida precisa é de oxigênio fresco na gestão do município. Infelizmente, isso não vai acontecer. O seu Índice de Desenvolvimento Humano, o mais importante indicador para a definição do sucesso dos gestores públicos, fica atrás de mais de 60 outras cidades goianas. E, para piorar, dividindo fronteiras com a capital, que é número um quanto ao ranking estadual do IDH, o que expõe ainda mais o desastre de uma sequência de administrações frouxas, rotineiras e sem criatividade para levar às aparecidenses e aos aparecidenses os benefícios primários que eles mereciam ter.
Essa mudança, acreditem, só ocorrerá quando se encerrar o ciclo de poder do MDB em Aparecida, que já durou tempo demais. Em Goiás, todas as vezes em que ocorreu o rodízio dos grupos políticos no poder, os avanços foram inegáveis. Assim se deu com o ponto final que as urnas aplicaram ao MDB no governo do Estado em 1998, substituído pelo promissor Tempo Novo do então jovem Marconi Perillo. Só que, 20 anos depois, foi mais do que necessário que as eleitoras e os eleitores decretassem o fim da festa do PSDB no comando do Estado, abrindo as portas para o governador Ronaldo Caiado – prestes a completar dois anos de mandato rodeado pela unimidade de que tratou-se de uma renovação benfazeja para todos os goianos.