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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

13 out

Maguito em Goiânia foi erro do MDB, pela falta de identidade com o eleitorado goianiese, inexistência de uma história pessoal na capital e cara de “velha política”. Daniel Vilela teria sido melhor

Já na terceira das seis semanas da mais curta campanha eleitoral de todos os tempos, é límpido e cristalino que a candidatura de Maguito Vilela em Goiânia constituiu-se em um equívoco do MDB e que, sem dúvida nenhuma, o nome de Daniel Vilela teria sido muito melhor e com mais chances de vencer o pleito. O caso de Maguito é terminal: não tem nenhuma identidade com o eleitorado goianiense, não há registro de qualquer passagem na sua vida que o ligue à capital, tendo sido inclusive um governador que por aqui passou em brancas nuvens em matéria de realizações e ainda por cima com uma cara de “velha política”, incompatível com as expectativas da população do centro urbano mais avançado do Estado. Maguito, para prefeito de Goiânia, é um candidato artificial, tal como o rosto que exibe na sua foto oficial de campanha (print acima). É ele mesmo? Parece que é.

Mas, ora, alguém dirá, e Iris Rezende? Há mais de meio século transitando entre cargos públicos de toda natureza, não seria a prova de que a “velha política” pode ser digerida pelas eleitoras e pelos eleitores, que dariam a ele, se quisesse, mais um mandato? Respondo: Iris tem a vida entrelaçada com a capital, tanto a individual quanto a política. Ele é Goiânia e isso supera qualquer outro aspecto da sua persona. Da mesma forma, em tons variados, a maioria dos candidatos ao Paço Municipal. Vanderlan Cardoso criou seus laços ao disputar a eleição de 2016. Adriana Accorsi é filha de ex-prefeito e se fez politicamente em Goiânia. Elias Vaz sempre travou suas lutas sociais e comunitárias entre as goianienses e os goianienses. Major Araújo foi vice eleito na chapa de Iris em 2016. Virmondinho Cruvinel passou por uma vereança e é de família militante na política local. Alysson Lima foi repórter televisivo, com ampla vivência nos bairros. E assim praticamente todos e até mesmo Dra. Cristina, que veio de fora para se reerguer em Goiânia, foi bem sucedida e também estabeleceu as suas raízes.

Maguito, não. Dos últimos 10 ou 12 anos, morou oito em um condomínio de Aparecida. Ninguém nunca o viu no shopping, na igreja, em um parque ou mesmo nas ruas, sequer passando na sua camionete cabine dupla. Não é exagero dizer que ele é um ilustre desconhecido de quem vota em Goiânia. O candidato natural do MDB, na ausência de Iris, seria Daniel Vilela, que disputou o governo do Estado em 2018, tem credibilidade para falar em renovação e acumulou um recall que acabou sendo desperdiçado. Daniel sabe de tudo isso e já comentou com amigos que fez o sacrifício de não se candidatar em retribuição ao pai que, na eleição passada, igualmente se sacrificou por ele, quando poderia no mínimo ter disputado – e ganho – uma das vagas no Senado.

Os emedebistas caminham para pagar caro pelo erro, com a perda do controle da segunda máquina administrativa mais importante do Estado e a entrega de uma vitória maiúscula ao governador Ronaldo Caiado como o primeiro inquilino do Palácio das Esmeraldas a vencer uma eleição em Goiânia nos últimos 40 anos. Ou seja: politicamente, os prejuízos serão enormes. Não há reação possível: a falta de gás do candidato é notória (e foi notada pelo adversário tucano Talles Barreto, que chama Maguito diariamente de “lento”). Não pelo esforço físico que faz, porque é fato que ele já desconfiou da fragilidade da sua situação e está correndo atrás com uma notável agenda de atividades 24 horas por dia, por enquanto inútil e sem resultados. Porém, pela incompatibilidade entre o seu perfil e as demandas que os moradores de Goiânia têm para quem se propõe a administrar a cidade. Ele é praticamente o único político profissional na corrida pelo Paço Municipal, mesmo vestindo roupa nova para tentar se apresentar como quem não é. A eleitora e o eleitor não querem isso, percebem a trapaça colocada na mesa pelo MDB e, conforme as principais e mais recentes pesquisas, seguem recusando a aprovação.