Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

04 dez

Informações sobre o real estado de Maguito continuam ocultas pela manipulação de Daniel Vilela, pelos boletins resumidos do Hospital Albert Einstein e pela imprensa, que não investiga a verdade

O prefeito eleito de Goiânia Maguito Vilela não melhora. Internado há mais de 40 dias, mais da metade desse tempo em UTI, seu verdadeiro estado de saúde nunca foi colocado em pratos limpos, primeiro com o objetivo de não prejudicar as suas intenções de voto e depois, tendo vencido o 2º turno por uma margem estreita, para manter a ilusão das goianienses e dos goianienses no sentido de que ele está “melhorando”  e que em breve estará plenamente restabelecido, pronto para assumir o cargo de gestor administrativo da capital daqui a 26 dias.

Isso não vai acontecer, mesmo se, conforme os repetidos anúncios de Daniel Vilela, Maguito realmente se recupere e possa ser declarado oficialmente como curado, nos próximos dias ou semanas. Vejam bem, leitoras e leitores, “comemorou-se”, nesta semana, o fato de que dois exames seguidos não encontraram mais o novo coronavírus no seu organismo e que ele foi transferido para uma UTI “normal”. Ora, isso não existe. Trata-se de uma irresponsabilidade. UTI é UTI, apenas com a distinção de que vítimas da Covid-19, pelo potencial infeccioso, são isoladas de outros internados em condições agudas. Passo à frente é sair da UTI e ponto final. E, mesmo já tendo sido contaminado, Maguito não pode se expor à doença, que abriu um capítulo novo na medicina mundial, já que, teoricamente, pode ser novamente atacado. Isso, agora, acaba de acontecer com o secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, que já pegou o coronavírus, superou e voltou a pegar, encontrando-se no momento, como Maguito, internado em estado grave em São Paulo.

As fontes médicas deste blog, que não erraram até o momento, informam que os problemas de Maguito estão nas sequelas que virão por tudo o que passou e continua passando: os efeitos deletérios da Covid-19, que abrangem uma ampla gama de lesões físicas, principalmente em relação aos pulmões, e também as consequências danosas do tratamento a que está submetido, com as suas funções vitais realizadas por máquinas extracorpóreas. Há um preço a pagar por isso. O equipamento ECMO, por exemplo, tem um prazo ideal de aplicação de 10 dias, tempo que Maguito já dobrou. É duro constatar que, desligado, ele não sobreviveria. Uma conferência médica, aberta a perguntas livres da imprensa, seria o ideal para esclarecer o que se passa com o prefeito eleito de Goiânia, já que a sua integridade deixou de ser um assunto particular ou familiar e passou a interessar ao futuro administrativo da capital.

Só que há uma conspiração silenciosa, em que Daniel Vilela diz o que quer e os jornalistas reproduzem, sem qualquer questionamento ou investigação. Aceita-se também a brevidade narrativa e repetitória dos comunicados do Hospital Albert Einstein. Nesse quadro penoso, cresceu o médico-genro Marcelo Rabahi, ao tratar com pragmatismo essas notícias piegas, evidentemente plantadas para angariar simpatias, fugir da malaise e dar a certeza de que o voto dado a ele não foi em vão, ao comentar sobre Maguito ter sido comunicado por uma enfermeira da sua vitória no 2º turno e, em seguida, derramado lágrimas, além de piscar um olho como sinal de consciência e entendimento. Não é bem assim, esclareceu o dr. Rabahi. O evento pode revelar ou não algum tipo de comunicação, o que seria impossível saber por enquanto, disse ele, corretamente, evitando se alinhar com a exploração emocional de um ser humano que luta pela vida e que não vai sair dessa batalha incólume, porém carregando desdobramentos que o afastarão de uma existência normal talvez para sempre. Muito ainda precisa ser dito sobre o que está acontecendo, desde a falta de cuidados que levou Maguito à contaminação até ao uso eleitoreiro e político, que lamentavelmente continua, do seu sofrimento.