Aliança para o futuro(6): antes da visita surpresa ao diretório do MDB, Caiado foi ético ao avisar aliados como Lincoln Tejota, Lissauer Vieira, Adib Elias e deixar claro que ninguém ficará na chapada
O principal assunto do noticiário político em Goiás, de uma semana para cá, é a visita surpresa que o governador Ronaldo Caiado fez ao diretório estadual do MDB, quando convidou o partido para participar da sua chapa em 2022 – surpreendendo com uma antecipação de mais de ano em relação ao pleito do ano que vem. Foi uma cartada de mestre. Mas o que precisa ser dito é que, antes, Caiado foi correto e ético com os seus aliados, prevenindo a todos que têm interesses de peso dentro da sua base sobre o seu movimento e reforçando o compromisso de que cada um deles será preservado e respeitado quanto aos seus projetos futuros.
Em palácio, Caiado recebeu para jantar, em dias diferentes, o prefeito de Catalão Adib Elias e o conselheiro Sebastião Tejota, acompanhado do seu filho Lincoln Tejota, atual vice-governador. Do alto da sua autoridade moral, o governador deixou em pratos limpos, para cada um deles, os seus planos para 2022, reafirmando sua solidariedade e sua lealdade, mas fixando com clareza a sua estratégia para a reeleição – onde até os mais ingênuos enxergam o acerto do esvaziamento da oposição, através da retirada do oxigênio representado pelo MDB. Essa manobra vale ouro. Ninguém, em sã consciência, pode se levantar contra, ainda mais sob argumentos pueris como a condenação da aproximação com um adversário como Daniel Vilela supostamente desprestigiando os chamados aliados de primeira hora – ainda com tudo o que significa hoje o filho e herdeiro de Maguito Vilela para a política estadual.
Lissauer Vieira, hoje no papel fundamental de fiador da governabilidade, também foi avisado. Caiado foi muito habilidoso ao não só antecipar o processo, porém informar os mais emblemáticos componentes da sua base. O gesto em relação ao MDB pegou muita gente de surpresa porque antigamente o governante da vez cozinhava seus aliados, que depois ficavam na chapada às vésperas das eleições. É preciso reconhecer: o governador sempre age com retidão, seja na política, seja na administração. Conversou com Lissauer, com os cinco ex-emedebistas que o apoiaram em 2018, com Lincoln Tejota e seu pai, entre outros, a mais de ano da eleição. Deu detalhes sobre o seu passo. Diferente, por exemplo, do prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, que rifou o seu antigo vice Veter Martins a poucos dias da convenção, escolheu um outro vice e no final ainda trocou esse quase vice para escolher Vilmarzim, o então presidente da Câmara de Aparecida – e, pior de tudo, em quem não confia nem um pouco.
O que Caiado fez e como em fez, em especial pelo momento escolhido, tem a marca da dignidade e da hombridade que já são características suas, porém parâmetros que outras lideranças de expressão substituem pela raposice e até mesmo pela malandragem explícita no processo político, pelo menos em Goiás. Mais de 10 dias depois da visita surpresa ao diretório do MDB, não houve nenhuma reação da parte de quem quer se possa especular como prejudicado, a não ser Mendanha (que não é do grupo governista), mesmo assim dentro da sua tradicional falta de conteúdo e da matreirice que ele imagina ser motivo de orgulho para a sua “persona” política, só que, na verdade, é uma vergonha para alguém tão jovem. Não enfrenta abertamente Daniel Vilela, não diz se é ou não candidato a governador e, em consequência, se vai ou não terminar o mandato em Aparecida. Escora-se em dúvidas e incertezas. Esconde o jogo. O contrário, exatamente o contrário, de Caiado.