Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 mar

Ideias precedem a ação: princípio que a oposição em Goiás ignora ao deixar de definir o seu projeto alternativo de poder, ou você, leitora e leitor, conhece uma proposta para o Estado que não seja a de Caiado?

Candidato à reeleição, o governador Ronaldo Caiado leva uma vantagem enorme sobre a oposição: seu nome resume o projeto de futuro que tem para Goiás. Caiado não precisa dizer nada. É público e notório que irá dar sequência ao modelo de gestão que vem aplicando desde que assumiu, há pouco mais de três anos. Uma fórmula que até os adversários reconhecem como positiva: responsabilidade fiscal, ajuste das finanças do Estado, fim do desequilíbrio entre receitas e despesas, e ênfase radical na Educação, nos programas sociais e na Segurança, áreas onde tem alcançado resultados realmente notáveis.

Mais quatro anos de Caiado serão mais quatro anos que têm tudo para levar Goiás a um patamar virtuoso como poucas vezes se viu, sob o embalo da recuperação do fluxo de caixa do governo, que já a partir deste ano mostra uma grande margem de sobras para investimentos. Depois do plantio difícil e trabalhoso que foi o primeiro mandato, um segundo seria destinado à colheita dos frutos dourados. Votar em Caiado em outubro corresponderá a reconhecer essa certeza e ela tem potencial de atração, infelizmente para a oposição, que tem pela frente uma eleição quase impossível de vencer.

As cartas de Caiado, portanto, estão na mesa, com transparência e precisão. Falta agora ver o jogo dos adversários, que já deveria ter sido revelado, mas segue exageradamente atrasado. Dois candidatos estão mais ou menos determinados, Gustavo Mendanha e Major Vitor Hugo, e um terceiro, embora conhecido, carece de fôlego, Wolmir Amado, do PT. Nenhum dos três foi capaz, até agora, de dizer a que virão. O que representam? Que ideias defendem? Qual a visão de amanhã que propõem para Goiás? Ninguém sabe, a não ser um quê genérico de contraposição. Wolmir, pelo menos, é sincero e humilde no afã de apenas garantir um palanque mínimo para Lula em Goiás. Os outros, Mendanha e Major, ainda não lograram deixar claro qual o projeto alternativo de poder que sugerem para o Estado.

As candidaturas de Mendanha e Major nasceram de vontades individuais e ainda não se transformaram em um propósito coletivo, se é que vão conseguir um dia. Nesse sentido, a postulação do deputado federal tem vantagem sobre a do prefeito de Aparecida, por uma razão óbvia: ele se comunica e bem com a base bolsonarista, que, mesmo sem a expressão do passado, ainda mostra um certo alento em Goiás e sabe o que quer. Mendanha, fora os desígnios divinos de que acredita piamente ser destinatário, só conta com a simpatia que ainda atrai nos limites do seu município, permanecendo 100% desconhecido fora.

Em pleitos majoritários, não há como subverter o maior fator de decisão do eleitorado, que é a representatividade ou o significado de cada candidatura. Assim, Marconi Perillo foi eleito em 1998 encarnando um sentimento de ruptura diante da fadiga do MDB e Jair Bolsonaro e Caiado ganharam em 2018, o presidente simbolizando o antipetismo e Caiado como intérprete perfeito da luta contra a corrupção dos governos tucanos de antigamente. Apenas como nomes isolados, sem conexão com os anseios gerais da população, não teriam vencido. Para cada um deles, e antes, estavam colocados conceitos maiores que a personalidade ou a individualidade de cada um, precedendo a ação que levou à vitória. É isso que decide uma eleição.