Vaia bolsonarista a Caiado em Rio Verde deixou jornalistas de O Popular em êxtase: quase uma semana depois, eles não esquecem a pauta e insistem em divulgar uma versão fantasiosa
Até que não se trata só do governador Ronaldo Caiado: os jornalistas de O Popular gostam de aparentar ojeriza pelo poder e fazem o que podem para incomodar quem mora no Palácio das Esmeraldas, independetemente de partido ou posições políticas. Pelo menos até sair de lá para assumir polpudas assessorias em órgãos públicos. Assim, o que houve em Rio Verde foi um prato cheio. Vários profissionais do jornal da família Câmara – que nunca gerou um jornalista – experimentaram um verdadeiro delírio. Da veterana Fabiana Pulcineli a novatas como Karla Araújo, como se fossem todos um só: se é governo, é do mal.
Isso tem levado O Popular até a promover alguém que era alvo antigamente, o ex-governador Marconi Perillo (bom para ele, claro). E a outras aberrações do ponto de vista do jornalismo sério e honesto. Na coluna Giro, Fabiana Pulcineli faz questão de registrar nesta segunda, 25, que as vaias não foram para Bolsonaro, desmentindo irritada vídeos anônimos que circularam pela internet afora, mas, sim, para Caiado. Que foram produto de uma ação de acólitos bolsonaristas, mobilizados por Nayara Barcelos, uma vereadora de cabeça ideologicamente distorcida, que é cogitada hoje para vice do Major Vitor Hugo e por isso mesmo quis mostrar serviço providenciando a claque para vaiar o governador, nenhuma menção. Ela é pouco menos que uma… doida.
O Popular não deu nenhuma palavra sobre a autoria das vaias. Para o jornal, que se pretende o mais importante de Goiás e por isso deveria seguir preceitos éticos rigorosos, como fazem os grandes veículos impressos brasileiros como a Folha de S. Paulo e O Globo, para ficar só nesses dois, Caiado foi alvo de uma manifestação negativa e ponto final. Não houve apuração a respeito do que estava por trás. Ficou a sugestão de uma manifestação popular espontânea, o que está longe de retratar o que houve realmente.
Para completar, na mesma coluna onde continua tentando vender a universidade de uma vaia localizada, Fabiana Pulcineli promoveu gratuitamente uma nulidade como o deputado estadual Delegado Humberto Teófilo, ao afirmar que ele “levará ao plenário da Assembleia dados revelados por O Popular sobre a demora na tramitação de ações em 1º Grau no Tribunal de Justiça”, para, assim, corroborar a proposta – sem sentido – de ampliação do número de vagas de desembargadores das 52 atuais para 78 cadeiras, um despropósito. Detalhe: o que Humberto Teófilo faz ou deixa de fazer tem influência zero sobre as decisões da Assembleia. Mas leiam o próximo parágrafo.
A jornalista, por sinal acadêmica de Direito, e talvez o deputado, não sabem que não existem “ações em 1º Grau no Tribunal de Justiça”. Ali, o que tramitam são os processos correspondentes ao 2º Grau. O 1º Grau ficou para trás. Aumentar a composição do TJ não tem reflexo nenhum sobre o andamento da prestação jurisdicional em 1º Grau. Mas está lá, na coluna Giro, assinada por Fabiana Pulcineli, “ações em 1º Grau no Tribunal de Justiça”, impropriedade que cito aqui para comprovar o mau jornalismo de O Popular e a sua orientação distorcida para promover adversários do governo do Estado, santificados pela cretinice de parte da sua redação. Não é um errinho. É um errão.
Desde a sua fundação, há quase 90 anos, O Popular teve momentos bons e ruins, como é a trajetória de todos os veículos de comunicação do país. Apoiou, por exemplo, o golpe de 1964. E defendeu governantes autoritários. Hoje, não é pior nem melhor do que já foi. Mas vive um estágio de esvaziamento, sem conseguir se renovar diante da decadência do jornalismo impresso no país e no mundo. Está superado pela modernidade e não consegue reagir.