Oposição em Goiás morreu em parte por falta de competência e em parte por ter virado governo
O processo de votação da taxa do agro na Assembleia Legislativa mostrou que não existe oposição em Goiás, pelo menos aquela armada de competência para gerar fatos e de certa forma contribuir para o aperfeiçoamento do debate político estadual.
Dois motivos levaram à extinção do oposicionismo goiano: primeiro de tudo, a absoluta falta de qualificação daqueles que sobraram ou foram empurrados para esse setor, gente sem noção que só entende de bater o bumbo e carece de ideias ou propostas, como os destrambelhados deputados Major Araújo, Paulo Cézar Martins e Delegado Eduardo Prado, e, em segundo lutar, a migração de quadros de valor do oposicionismo para o governismo, a começar pelos próprios governador Ronaldo Caiado e o vice Daniel Vilela, no passado adversários que incomodaram pesadamente as gestões do PSDB e seu líder máximo Marconi Perillo. Esse, antigamente, foi oposição com eficiência, porém perdeu o jeito depois de 20 anos encastelado no poder e hoje não sabe como proceder.
A taxa do agro foi aprovada como o Palácio das Esmeraldas quis. Mesmo tentando se articular com um setor estruturado da economia, como os produtores rurais e suas entidades representativas, os parlamentares posicionados contra tiveram um desempenho pífio. Não saíram bulhufas minimamente interessantes de tudo o que disseram e fizeram. Em linguagem popular, nada que preste. No final das contas, deram um show de patetices e asneiras, tendo como ápice o estímulo irresponsável aos baderneiros que invadiram o plenário da Assembleia – ação cujo único resultado foi desmoralizar e enterrar em definitivo a causa da defesa do agro (capaz até de seduzir Adriana Accorsi e Antônio Gomide, os petistas que trocaram os sinais e terminaram apoiando indiretamente o movimento golpista nas rodovias e na porta dos quartéis ao dizer inutilmente não ao novo imposto).
Oposição tem importância e é necessária. Mas, em Goiás, ao perder partidos relevantes e traquejados como o MDB e lideranças firmes como Caiado, reduzindo-se a espiroquetas que se apequenam com xingatórios, ela desceu aos infernos e praticamente acabou, pelo menos como vida inteligente.