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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

19 jan

A reunião do pânico entre os 4 deputados federais eleitos pelo PL em Goiás

Na segunda-feira, 16, o deputado federal eleito Gustavo Gayer recebeu em Goiânia seus colegas reeleitos Prof. Alcides e Magda Mofatto, além do novato Daniel Agrobom. Os três vieram do interior, onde moram, para a reunião chamada de última hora, no escritório de Gayer, ou seja, na escola de inglês que ele mantinha no setor Bueno, hoje desativada e esquisitamente rebatizada como Point Bolsonaro.

Oficialmente, tratou-se de um encontro para discutir estratégias comuns e dividir tarefas que os quatro alegam ter a partir de 1º de fevereiro, quando se empossarão em seus mandatos na Câmara Federal.

A real motivação do colóquio, no entanto, passa longe dessa bobagem. Apenas quatro deputados federais não compõem bancada alguma nem possuem significado coletivo nem desenvolvem agendas conjuntas. O que colocou Gayer, Alcides, Magda e Agrobom sentados na mesma mesa foi o pânico.

Fácil explicar: começaram as intimações nas ações propostas na Justiça Eleitoral pelo União Brasil e pelo MDB reivindicando a cassação da chapa de deputados federais do PL por descumprir a cota mínima de 30% de mulheres. De repente, bateu a consciência da ameaça concreta de cancelamento dos seus mandatos dada a lambança havida no registro das chapas do partido não só para a Câmara, como também para a Assembleia – os três deputados estaduais eleitos pelo PL enfrentam processos semelhantes na causa e no possível efeito (nenhum foi chamado para a reunião).

Gayer entrou em desespero ao sondar advogados e ouvir: honorários em uma batalha judicial desse naipe são calculados aos milhões. Apavorado, convocou os pares para discutir uma solução barata e dividir as despesas. Um deles ligou na hora para um célebre especialista do país quanto perante o Tribunal Superior Eleitoral (instância em que a matéria obrigatoriamente irá parar). Kakay respondeu sem pestanejar: R$ 4 milhões para começar e mais R$ 4 a título de taxa de êxito.

Enquanto isso, prazos estão correndo. A tese assumida pelos quatro é a de que a responsabilidade pelo gasto é do diretório estadual, presidido pelo Major Vitor Hugo. Só que o Major já avisou que os cofres do PL foram raspados pelo ministro Alexandre de Morais, com o confisco até de recursos futuros. Por aí, não há saída. Meter a mão nos próprios bolsos para pagar advogados qualificados parece ser o único caminho, por ora – e a hora urge.