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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 fev

Mendanha está a caminho de fechar com Caiado e ganhar uma vaga no secretariado

Sinais não faltam. A distensão entre o governador Ronaldo Caiado e o seu principal adversário na eleição de 2022, o ex-prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha, é uma realidade com potencial para a inclusão de Mendanha na equipe de auxiliares da gestão estadual como o próximo titular da Secretaria da Indústria & Comércio – sob a justificativa de representar um gigantesco polo industrial, hoje equivalente ao de Anápolis e atrás somente de Goiânia.

Notem bem, leitoras e leitores: desde a derrota, em 1º turno, no ano passado, Mendanha suspendeu os ataques e só se referiu a Caiado com educação e civilidade.

Reconheceu o veredito popular, defendeu uma trégua para que o governador possa mostrar serviço no novo mandato e, em alguns momentos, chegou ao extremo de se dizer pronto para colaborar onde se fizer necessário, conforme noticiou a coluna Giro, em O Popular, baseando-se nas declarações do ex-prefeito a um podcast.

Confiram a manifestação de Mendanha, literalmente: “Se for chamado para ajudar o Estado eu estou pronto. Eu, por exemplo, tenho um bom relacionamento com Israel (…) Se o governador fala: ‘Gustavo, vou fazer missão para Israel, você pode auxiliar?’, eu vou ter o maior prazer de ajudar o meu Estado”. Precisa mais?

As expectativas para 2026 transformaram a política em Goiás em um jogo de xadrez reservado a grandes mestres. O único a mover pedras, por enquanto, é Caiado. Ele mexe as brancas, ou seja, tem a iniciativa. Das grandes partidas internacionais do esporte, salta uma verdade inelutável: as brancas sempre vencem. As pretas, em raras ocasiões.

De certa forma, a atração de Mendanha para a base caiadista repete a operação bem-sucedida que escalou Daniel Vilela para a vice na chapa de 2022. Dinamitou a oposição, como lucidamente escreveu Euler Belém no Jornal Opção, da mesma forma que a conquista do passe do ex-prefeito aparecidense teria o efeito de barrar a formação de uma frente contrária em 2026, manobra da qual o benefício maior vai justamente para a candidatura ao Palácio das Esmeraldas do filho e herdeiro de Maguito Vilela.

Caiado vive um momento livre de pressões. Monta o segundo governo à sua imagem e semelhança, sem concessões partidárias – quebrando os parâmetros obedecidos por Iris Rezende, Maguito e Marconi Perillo. Anunciou que não disputa mais cargos em Goiás, elevando-se acima da classe política regional. Parece empenhado em preparar o futuro, trabalhando sozinho enquanto todas as demais forças se envolvem com apenas já e imediatamente. Poucos olham para a frente. Mendanha, se topar e ele topa, tem garantido um papel importante nesse processo.