Para onde penderá o eleitorado de Goiânia em 2024
É um pouco cedo para especular sobre as tendências do eleitorado de Goiânia em 2024, mas não muito. Mesmo faltando pesquisas e ainda longe do cenário definitivo, há dois fatores cruciais a se sobressaltar na formação das expectativas sobre o veredito das urnas quanto ao nome do próximo prefeito da capital.
Um histórico e um conjuntural. O histórico é a preferência das goianienses e dos goianienses por nomes associados a um perfil gerencial ou de algum modo técnico. Em 40 anos, venceu uma maioria de candidatos associados a essa imagem – os professores Nion Albernaz, Darci Accorsi e Pedro Wilson, o médico Paulo Garcia e até mesmo Iris Rezende e Maguito Vilela, esses dois políticos profissionais, de fato, só que no caso de Goiânia transformados em referência de capacidade administrativa acima de qualquer outra marca (o último, Maguito, depois de uma bem-sucedida gestão em Aparecida).
Conjunturalmente, pode ter peso a questão do conservadorismo – ou do bolsonarismo. Jair Bolsonaro ganhou com folga nos dois turnos no maior centro urbano do Estado. No primeiro turno, 56 a 33%, números ampliados no segundo para 64 a 36%. De resto, o então presidente carregou nas costas aliados apagados como Wilder Morais para o Senado e Gustavo Gayer para a Câmara Federal. Isso configura uma força eleitoral a reconhecer, portanto.
Em princípio, um concorrente capaz de reunir essas duas características contaria teoricamente com uma certa vantagem. O senador Vanderlan Cardoso é um exemplo. Tem fama de bom gestor e é de direita, pró-Bolsonaro, embora sem extremismo. Mas uma identidade pode sobrepujar a outra e aí “gerentes” como o secretário de Infraestrutura Pedro Sales crescem e aparecem. O próprio prefeito Rogério Cruz, a depender do fechamento do seu mandato, dispõe de potencial para enveredar por esse corredor.
Entretanto, há uma terceira variável com chances de influir em Goiânia: os quase 50% de votos na reeleição do governador Ronaldo Caiado na capital, o que o coloca automaticamente como um cabo eleitoral de expressão no ano vindouro. Cruz apoiou a reeleição de Caiado e obviamente espera reciprocidade. O governador, no momento, anda longe de uma decisão. É precoce, por ora.
De concreto, sobre Caiado, é possível prever que Vanderlan jamais terá o seu respaldo, depois do alinhamento com a candidatura do Major Vitor Hugo em 2022. Esperava-se, claro, que o senador tivesse fechado com a recondução do governador, já que em 2022 perdeu para Maguito em Goiânia, porém com Caiado firme ao seu lado. Não aconteceu e os dois acabaram afastados um do outro.