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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

14 mar

Convite do PP a Pedro Salles para candidatura em Goiânia só revela amadorismo

Em política e na guerra, a precipitação é a antessala do desastre. Movimentos importantes carecem de preparação detalhada e sobretudo de considerar o momento, a oportunidade e as chances de sucesso. Agir contra essa regra é o caminho mais curto para uma derrota.

Assim pode ser avaliada a reunião de alguns caciques do PP estadual para formalizar um convite ao secretário de Infraestrutura Pedro Sales, presente, para se filiar ao partido e se candidatar a prefeito de Goiânia. Isso, a um ano e meio ou pouco mais de 500 dias para a eleição, a acontecer em outubro de 2024. É tempo demais.

O ex-ministro e presidente regional do PP Alexandre Baldy compareceu. Recentemente, ele se reuniu com Rogério Cruz e anunciou uma aliança a favor da reeleição do prefeito no ano vindouro. Claro, o partido apresentou uma fatura, basicamente uma secretaria municipal para o irmão Joel Sant’Anna Braga, que está de saída da pasta da Indústria & Comércio exatamente para liberar espaço para Baldy assumir sem constrangimentos a Agehab – irmãos ocupando cargos em um governo presidido por Ronaldo Caiado é algo simplesmente impensável.

O que a turma do PP reunida com Pedro Salles não considerou: ele, Pedro, não tem a menor autonomia de voo e depende da vontade de Caiado para qualquer passo, inclusive no rumo do seu verdadeiro projeto, por ora, a candidatura a deputado federal. O sinal verde do governador já foi dado. Adiante, de jeito nenhum. E se assim tiver de ser, em um determinado momento no futuro, só muito mais à frente, mas muito mais. E menos ainda dentro da hipótese de sair do União Brasil.

Uma raposa como Baldy não comete erros. Por que ele “autorizou” a reunião com Pedro Sales? As leitoras e os leitores sabem o motivo: para colocar a faca no pescoço de Rogério Cruz. Nos próximos dias, podem apostar, virá a concessão do espaço pretendido no Paço Municipal. Favas contadas. Fora daí, o “evento” do PP é um lance amadorístico, que não levaria a nada – nem à chantagem sobre o prefeito – se Pedro Sales não tivesse comparecido. Ele caiu em uma armadilha.

Política é para profissionais. A reunião do PP foi coisa de aprendiz de feiticeiro. Pior para os participantes: mostra falta de sintonia com Caiado, equívoco crucial quando se trata do experimentado líder maior da base aliada -aquele que até hoje não errou e tem nas mãos a lanterna capaz de iluminar o melhor caminho para o seu grupo político.