Reconciliação entre Daniel e Mendanha é pessoal, por ora, mas com reflexos na política
O ex-prefeito de Aparecida e candidato derrotado a governador Gustavo Mendanha frisa sempre, quando abordado sobre as tratativas para a reconciliação com o vice-governador e presidente estadual do MDB Daniel Vilela, se tratar de um movimento restrito ao campo pessoal.
Sempre foram amigos etecétera e tal, romperam as relações há pouco mais de um ano, restando de parte a parte um constrangimento quanto a perda de uma amizade antes profunda, quando um se referia ao outro como “irmão”. A retomada do diálogo, assim, é uma espécie de alívio para ambos e se dá em um contexto em que atuaram inúmeros embaixadores da boa vontade – como o secretário estadual de Comunicação Gean Carvalho e o diretor de operações do Detran Leandro Vilela, da parte de Daniel, e o procurador-geral de Aparecida Fábio Passaglia e o secretário municipal de Relações Institucionais Davi Mendanha, do lado de Mendanha -, além, é óbvio, da irresistível vontade de cada um dos protagonistas envolvidos.
Essa página, a do retorno da proximidade entre bons e antigos amigos, já está escrita. Daniel e Mendanha desobstruíram seus canais de comunicação, muitos sólidos em tempos recentes. Depois do afastamento, estiveram juntos três ou quatro vezes, em velórios e na inauguração de um busto de Maguito Vilela em Aparecida (coincidentemente, eventos relacionados a vidas passadas). Só isso. Agora, com o reatamento, o caminho está aberto para novas conversas e inevitavelmente escorrerão para a política.
Mendanha de volta ao MDB interessa a todos na base do governador Ronaldo Caiado e, na medida em que um grande partido é o sustentáculo ideal para projetos eleitorais majoritários, importa também para o ex-prefeito. Porém, menos do que para Daniel Vilela. Esse, tem assegurada a candidatura ao governador em 2026, igualmente pretensão do aparecidense. Nesse rumo, o MDB já está comprometido. Que espaço haveria para ambições concomitantes?
Pelo sim, pelo não, é fato: entre políticos não existem relações exclusivamente pessoais, sem desdobramentos na “política”. É nessa fase que Daniel e Mendanha ingressam agora e tudo pode acontecer. Há até mesmo uma secretaria disponível no governo Caiado 2, a da Indústria & Comércio, sob medida para ser ocupada por um representante de um polo econômico em ascensão como Aparecida é hoje. Seria, para Mendanha, a oportunidade para assumir uma dimensão estadual. O governador Ronaldo Caiado dificilmente seria contra. Provavelmente, vê com simpatia a possibilidade de replicar o passo dado em meados de 2021, quando antecipou o convite ao MDB para uma aliança que teria como resultado a chapa vitoriosa de 2022, com Daniel na vice, e o enfraquecimento duradouro da oposição.