Exigências de Mendanha para retornar ao MDB são inviáveis
O vice-governador Daniel Vilela e o ex-prefeito de Aparecida e candidato derrotado ao governo em 2022 Gustavo Mendanha reataram as relações pessoais, mas, quanto ao plano da política, parece um pouco cedo para desdobramentos. Mendanha reafirmou um projeto majoritário para 2026 e repete só avaliar o retorno ao MDB – o convite foi feito por Daniel – se receber garantias de inclusão no projeto majoritário do partido.
Nesse ponto a conversa embananou. Em política, é impraticável garantir qualquer definição com uma antecedência tão longa. Isso não existe. É ingenuidade acreditar. Além do mais, Daniel Vilela é um só e, sim, influencia decisivamente o MDB, mas não se deve esquecer que a legenda é um ente coletivo. Há aspirações dentro da sigla, como, por exemplo, o deputado estadual Lucas Calil, com três mandatos, muito bem votado na região metropolitana, que tem os olhos pregados no seu crescimento dentro da agremiação. Outras circulam no ar, caso da filha de Iris Rezende, Ana Paula.
Espaço para trabalhar e buscar espaços, Mendanha teria de sobra voltando a ser emedebista. A fórmula é clássica. Certeza de que terá tudo isso refiliando-se, nem pensar. Vai depender dele e das circunstâncias. E ele não está tão assim por cima da carne seca para impor cláusulas como a de uma candidatura majoritária daqui a quatro anos. O argumento de que saiu da eleição de 2022 com um volumoso patrimônio, ou seja, os pouco mais de 800 mil votos que amealhou, padece de consistência. Vejam bem, leitoras e leitoras, caso venha a disputar o governo novamente, não é possível prever se conquistaria esses votos ou mais ou também se terminaria com menos.
É um capital eleitoral? É, porém fluído. Para ser bem sucedido em 2026, Mendanha precisaria do que não teve no ano passado, não tem até agora e provavelmente, no ritmo em que o processo estadual caminha, não terá na época: um grande partido, acompanhado por outros de igual e médio portes, para sustentar a sua campanha. Isso fez, faz e fará uma falta visceral e o ex-prefeito aparecidense sabe muito bem. Ele só venceu em cinco municípios, o que comprova a sua falta de respaldo estadual.
Mas nem tudo está perdido. Mendanha deu um passo importante ao admitir que aceitaria ser lançado ao Senado ou a vice, para evitar um confronto com Daniel – declaradamente desde já o nome da base para a sucessão do governador Ronaldo Caiado. Já é um avanço, embora mínimo porque não toca no essencial, que é a impertinente reinvindicação de uma garantia de candidatura desde já, qualquer uma, sendo majoritária, algo igual a uma nota de R$ 3 reais, imaginária.
Políticos experientes deveriam ter sempre os pés no chão. Mendanha ainda não digeriu a sua experiência e o resultado alcançado no pleito de 2022. A lição é cristalina: sem estrutura, em todos os sentidos, ninguém vence uma corrida tão crucial quanto o páreo para o Palácio das Esmeraldas. E ele não estava pronto. Tentou um atalho para chegar ao topo e se perdeu. Se insistir, corre o risco de desaparecer em definitivo.