Fala diante da CPI do MST reacende candidatura presidencial de Caiado e fortalece Gustavo Gayer
Foi um sucesso: o depoimento do governador Ronaldo Caiado nesta quarta, 31 de maio, à CPI sobre o Movimento Sem Terra ganhou repercussão na imprensa nacional, como se diz, escrita, falada e televisada, além de ocupar um espaço gigantesco nas redes sociais – o Tik Tok, então, se fartou com a reprodução de trechos da fala do governador goiano.
Euler Belém, no Jornal Opção, avaliou: “Caiado ganhou visibilidade nacional, às custas da esquerda radical, que ajudou a promovê-lo”. E arrematou: “A candidatura de Caiado a presidente pode ter nascido nessa audiência da CPI do MST”. (Euler Belém não assinou o texto, mas é dele). O autor deste blog assina em baixo.
Comecemos pelo começo: a ideia de levar Caiado à CPI foi do deputado federal Gustavo Gayer. Uma surpresa, dada a dedicação de Gayer a bobagens e a ações sem sentido político mínimo, a não ser a sua promoção em meio ao público bolsonarista radical. Entretanto, foi ele o pai da criança. Além da criatividade, o deputado foi movido pela necessidade de atrair aliados – e Caiado é um dos mais poderosos, caso consiga – para enfrentar o desafio da cassação do seu mandato, hoje na mira do Supremo Tribunal Federal e do ministro Alexandre Morais. Há um processo, movido pelo senador Vanderlan Cardoso (representado pelo melhor advogado criminalista de Goiás, Pedro Paulo Medeiros) já aceito por Morais, a propósito também de agressões ao STF. Algo que pode levar ao cancelamento de Gayer, a curto prazo.
Mas esse é um aspecto menor, apesar de fortalecer Gayer. O que salta é que Caiado percebeu a oportunidade e soube aproveitar. Ele é uma lenda no Congresso, como debatedor. À vontade, falou o que quis na CPI, atraiu os holofotes e intimidou o povo da esquerda ao surpreender com a acusação de que o MST abriga narcotraficantes e, numa metáfora forte, sequer saber qual o mês ideal para plantar milho. As invasões de terra, disse, são um projeto ideológico e nem de longe uma proposta para a produção de alimentos e de busca de justiça social no campo. E é verdade, leitoras e leitores.
Pelo sim, pelo não, o evento na CPI do MST reavivou a candidatura presidencial de Caiado. Simples: ele mostrou capacidade e autoridade para representar a direita democrática em uma eventual eleição, apresentando-se como apto ao enfrentamento com o petismo. Recorrendo novamente ao escrito por Euler Belém, no Jornal Opção: “Os eleitores de centro, de direita e de centro-direita se sentem órfãos. Não são representados pelo presidente Lula da Silva, do PT — que está se radicalizando com aliados como o MST e os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Nicarágua, Daniel Ortega. E não se sentem representados por Jair Bolsonaro, até porque este caminha para se tornar inelegível”. É um caminho pela direita, com o apoio do centro, com amplas perspectivas para 2026, que tem a cara de Caiado. Nada a acrescentar.