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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

02 jun

Gayer, parodiando os americanos, é politicamente “um homem morto andando”

Nos Estados Unidos, quando um condenado à perna de morte é levado para a execução, seus carcereiros abrem caminho gritando: “Dead man walking”. Literalmente, significa “homem morto andando”. É caso, metaforicamente falando, do deputado federal Gustavo Gayer: a cassação do mandato dele já está contratada tanto no Tribunal Superior Eleitoral quanto no Supremo Tribunal Federal. E não vai demorar.

Gayer vai pagar um preço alto pelo seu radicalismo infantil, no qual ele apostou para conquistar a cadeira na Câmara Federal. Palhaçadas nas redes sociais, sim, rendem votos, e ele é a prova maior. Ótimo, mas falou besteiras em excesso e acabou indiciado em um processo contra aliados do então presidente Jair Bolsonaro por ataques ao processo eleitoral e por abuso de poder político, configurado na forma de imoderação no uso dos meios de comunicação.

Em outra ação, o senador Vanderlan Cardoso levou ao STF uma notitia criminis fartamente documentada, em que Gayer injuria e difama o  Supremo – o ministro Alexandre Morais, em cujas mãos caiu o processo, já identificou, ao aceitar a denúncia, a “divulgação notícias fraudulentas (fake news), revestidas de animus caluniandidiffamandi ou injuriandi, atingindo a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal e de seus ministros, atribuindo e/ou insinuando a prática de atos ilícitos por membros da Suprema Corte”, escreveu Morais no seu despacho.

Isso aí, leitoras e leitores, não deixa escapatória para Gayer. Ele hoje é um dead man walking politicamente falando. É questão de tempo. Será cassado sem dó nem piedade. Atenção: noves fora um outro procedimento em tramitação na Justiça Eleitoral, em que ele, mais os seus três colegas eleitos pelo PL – Magda Mofatto, Daniel Agrobom e Prof. Alcides – são alvo de um pedido de cassação de chapa por desrespeitar a obrigação legal de registrar 30% de candidaturas femininas. Advogados eleitoralistas examinaram a matéria, a pedido deste blog, e concluíram que o desfecho será o pior possível para a bancada federal goiana do PL.

A política tem um trilho, digamos assim, convencional e sair dele significa se expor a riscos exponenciais. Como fez e faz esse rapaz, aliás metendo-se em estrepolias poucos recomendáveis, como a administração dos recursos do seu gabinete na Câmara Federal. Vai ser cassado. Gayer foi atrás do governador Ronaldo Caiado, para quem abriu um espaço privilegiado na CPI do MST, com visibilidade nacional, como um náufrago que se agarra a um pedaço de pau para não se afogar. Não vai adiantar. Sua companhia é tóxica. E seu destino já está escrito nas estrelas do prédio do STF na Praça dos Três Poderes.