No Entorno de Brasília, quem não for bolsonarista terá dificuldades para ganhar votos em 2026
É uma previsão fácil: na disputa pelo governo de Goiás e pelas duas vagas no Senado em 2026, nos 22 municípios do Entorno do Distrito Federal, onde se congregam mais de um milhão de eleitores, quem não for bolsonarista não terá maioria de votos.
Olhando para trás, no embate presidencial do ano passado, Jair Bolsonaro massacrou Lula na região, nos dois turnos. Wilder Morais, para senador, ficou em primeiro lugar. Esse é o fator inicial a se levar em conta para prognósticos quanto as urnas do Entorno, valendo destacar como crucial a influência geopolítica da capital federal, onde, aliás, a evangélica Damares Alves, ex-ministra e aliada de primeira hora do capitão, foi eleita senadora.
Para a frente, o cenário vislumbrado mantém todas essas preliminares e acrescenta mais variáveis a favor da identificação bolsonarista do eleitorado goiano próximo a Brasília: a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e o atual governador do DF Ibaneis Rocha vão se apresentar e provavelmente liderar a corrida pelo Senado na capital federal, impregnando com suas campanhas o imaginário do Entorno. Overdose de bolsonarismo, portanto.
Em 2022, o governador Ronaldo Caiado foi bem ali porque, para grande parte da população, tem conexão ideológica com Bolsonaro, embora longe dos extremismos do ex-presidente. A votação fluiu a favor da reeleição sem grandes perdas, mesmo tendo o Major Vitor Hugo como principal adversário. Para 2026, tudo indica que o nome da base governista para a sucessão de Caiado será o vice-governador Daniel Vilela, por enquanto relativamente desconhecido em colégios eleitorais como Luziânia, Valparaíso, Águas Lindas e outros menores, porém, no conjunto, formando um contingente numericamente capaz até de decidir um pleito. Daniel tem afinidade zero com o bolsonarismo, embora também não possa ser visto como um antagonista. A salvação da lavoura é que há tempo de sobra para o vice-governador reagir e corrigir o vácuo da sua presença, ainda mais com o benefício da visibilidade proporcionada pela máquina administrativa estadual.