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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

20 jul

O que revela a 1ª pesquisa Serpes deste ano em Goiânia

Saiu a 1ª pesquisa Serpes sobre as eleições deste ano para prefeito de Goiânia, publicada por O Popular. Antigamente, isso acontecia já em janeiro, no ano da eleição. Hoje, depois que os jornais deixaram a condição de feudos financeiros da área de comunicação, fenômeno avassalador em Goiás, os gastos com pesquisas passaram a ser comedidos. Dentro do padrão de qualidade e de credibilidade da Serpes, custam caro. Mas os levantamentos do Serpes, em qualquer eleição, são indispensáveis na medida em que o instituto assumiu a vocação de oráculo das eleições estaduais.

Vamos ao que interessa, ou seja, os números. Eles dizem mais que a exposição da simples ordem classificatória dos candidatos nas intenções de votos. Mostram, como fenômeno de grandeza considerável, o peso do governador Ronaldo Caiado ao apoiar o representante da base governista Sandro Mabel: enquanto Vanderlan Cardoso e Adriana Accorsi lideram com 20% e 19%, o mínimo esperando em consequência do longo tempo em que são cogitados para participar da corrida pelo Paço Municipal, Mabel, que ocupou um lugar no páreo bem mais tarde, em abril último, já aparece com 14,8% e comprova a sua viabilidade. E vem mais por aí, pois é provável que, até hoje, muitas das goianienses e muitos dos goianienses ainda não saibam que o empresário está na disputa.

A pesquisa, portanto, caiu bem para o nome bancado pelo Palácio das Esmeraldas. Para Vanderlan e para Adriana, nem tanto, ao mostrar o congelamento de ambos desde quando há tempos passaram a ser cogitados para o pleito em Goiânia, conforme todas as pesquisas, inclusive uma extemporânea no ano passado do próprio Serpes: 20% parece ser o teto estabelecido para os dois, só que a partir de agora acompanhados por um Mabel furiosamente mordendo seus calcanhares por uma diferença de apenas 5 pontos. É pouco e deixa claro que Vanderlan e Adriana estão vivendo um autoengano: prosseguem nas suas pré-campanhas exatamente como antes, quando Caiado e o seu grupo ainda não tinham o pé na raia. O candidato do PSD não mobiliza, não movimenta, não faz nada, totalmente isolado sem aliados e sem apoiadores. Nunca fez sequer uma reles reuniãozinha com seguidores. A do PT pouco se mexe, cumprindo uma agenda esporádica de encontros com sindicalistas, professores e mais do seu mesmo aglomerado ideológico de sempre. Um e outro priorizam se dedicar aos seus mandatos em Brasília, ainda que a menos de 80 dias da data das urnas.

Isso não rende votos. Diferentemente, Mabel corre como um Usain Bolt atrás de ganhos, amealhando partidos, lideranças, o empresariado, evangélicos e, já que conta com a vantagem, explorando habilidosamente o aval de um governador que conquistou 86% de aprovação em Goiânia – quebrando com a sua espetacularmente bem-sucedida política de segurança pública o tabu da hostilidade do eleitorado da capital quanto ao morador do número 1 da Praça Cívica. Vêm daí os 14,8% de intenção de votos arrebatados tão rapidamente após o seu lançamento. Politicamente, ele, Mabel, está melhor contextualizado eleitoralmente falando, o que justifica a crença de que é o único dos concorrentes estrategicamente aparelhado para crescer nas pesquisas. Há munição de sobra, ao avesso do “dolce far niente” de Adriana e Vanderlan. A próxima apuração do Serpes, em agosto, logo após o desenho final produzido pelas convenções (que se encerram a 5 de agosto), vai confirmar essa expectativa, caso as coisas continuem tal como estão daqui até lá e não haja nenhuma reação dos prejudicados.