Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

09 ago

1º debate entre candidatos a prefeito de Goiânia foi chato e sem graça

No frigir dos ovos, o 1º debate entre os candidatos a prefeito de Goiânia, promovido pela TV Band, provavelmente com baixíssima audiência, não passou de um programa chato e monótono, sem momentos quentes e sem novidades, nem mesmo em matéria de propostas apresentadas por um e outro. Vanderlan Cardoso (PSD) não apareceu. Adriana Accorsi PT), Sandro Mabel (UNIÃO BRASIL) e Fred Rodrigues (PL), pontuados nas pesquisas, fizeram o possível para chamar atenção, sem, no entanto, alcançar qualquer destaque. Estavam lá, também, o prefeito Rogério Cruz (SDS) e o apresentador de televisão Matheus Ribeiro (PSDB).

O que se viu? Candidatos parecidos, com ideias parecidas, todos se concentrando nas críticas ao prefeito Rogério Cruz, menos ele, é óbvio, que se desdobrou em autoelogios. Recentemente, em entrevista ao jornal O Popular, o diretor do instituto DataUFG, ligado à Universidade Federal de Goiás e por isso merecedor de respeito, Ricardo Barbosa, que é sociólogo, fez algumas ponderações que passaram despercebidas, mas são da maior importância e de certa forma têm a ver com o assistido no debate da TV Band. “Dentre os quatro primeiros colocados neste pleito – Vanderlan, Adriana, Mabel e Fred – qualquer um pode ir para o 2º turno. As propostas são muito parecidas”, disse o professor Barbosa.

Essa avaliação resume o cenário cinzento da eleição para prefeito de Goiânia: não há diferenças de conteúdo entre os inscritos no páreo. E, rigorosamente falando, nem mesmo de cunho ideológico. Foi isso que o confronto na TV Band, quando estranhamente até mesmo os padrinhos mais conhecidos quase não foram citados, Lula no caso de Adriana Accorsi, Jair Bolsonaro quanto a Fred Rodrigues e o governador Ronaldo Caiado, avalista de Sandro Mabel. Em vez disso, uma discussão estéril em que todos se esforçam para mostrar que vão… fazer a mesma coisa, se eleitos.

Ainda segundo o diretor do DataUFG Ricardo Barbosa, nunca como neste pleito o eleitorado de Goiânia enfrentará tantas dificuldades para definir o seu voto. O mestre acredita que essa decisão mal começou a ser construída e só emergirá depois de um processo lento de racionalização do voto. “Cada eleitor tem uma série de candidatos como opção, com um discurso semelhante. Ele tem que arranjar uma métrica para calcular o seu voto, desde as suas idiossincrasias, que é a ideologia, religião e família. É a realidade que entra nessa conta”, explicou – e está certo.

Obcecados pelo afã de criticar a gestão de Rogério Cruz, os demais candidatos pouco formulam além desse viés. Nenhum colocou na mesa do debate da TV Band algo realmente extraordinário ou revolucionário. Problemas gravíssimos como as milhares de crianças sem as creches da Educação Infantil foram objeto de declarações demagógicas, sem a menor possibilidade de resolver de fato esse que é talvez o maior desafio civilizatório a oprimir a capital hoje em dia. Cinco candidatos presentes, um ausente, e nada realmente sério sobre como resolver o déficit de vagas nos CMEIs. De resto, nada de interessante sobre o que quer que seja. Essa eleição caminha para ser uma das piores e menos engrandecedoras de todos os tempos para Goiânia.