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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 set

1 + 3, o novo número de Adriana Accorsi, confirma o peso do antipetismo em Goiânia

A aposta mais arriscada da eleição municipal em curso, no caso de Goiânia, é a da deputada federal Adriana Accorsi, a candidata do PT que aceitou ser despida pelo seu marketing de toda e qualquer característica que faça conexão entre ela e o seu partido – e de resto ao presidente Lula, um caduco que se esmera na tentativa de ressuscitar o passado e fala hoje uma linguagem incompreensível para a maioria das brasileiras e dos brasileiros. Adriana deixou de ser vermelha, para se metamorfosear em lilás e o seu número, nas urnas eletrônicas, não é mais o tradicionalíssimo 13 da sua legenda. Agora é 1 + 3.

Não há prova maior de que o antipetismo vai influenciar a definição do novo chefe do Paço Municipal. Mas, podem apostar, leitoras e leitores: renegar o passado e tentar ocultar as suas raízes vai custar caro para a candidata. Seria melhor, muito melhor, assumir-se como petista, mas abrir uma linha de diferenciação capaz de mostrar que, sim, o PT e Lula precisam desesperadamente de renovação, de modernização. Isso daria brilho a Adriana e a ajudaria a chegar ao que interessa, ou seja, vencer em Goiânia, não se esconder do que sempre foi e ainda é, uma filiada que segue a disciplina soviética de uma sigla carcomida que não hesitou um segundo em reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, só para ficar em um exemplo flagrante.

O cenário eleitoral em Goiânia é alarmante. Todos os candidatos são iguais e todas as propostas são as mesmas. Nunca se viu nada parecido na capital sertaneja que teve a ousadia de eleger Darci Accorsi em 1992 acreditando apenas em uma conversa fiada de cadeira de barbeiro. E que, oito anos depois, escolheu outro professor, Pedro Wilson, para a prefeitura. Ambos, petistas, de um PT puro, acadêmico, heroico, que a partir dali, em termos nacionais, iniciaria o seu mergulho na corrupção e na roubalheira mais vil que já se viu na história da República. Com exceção dos Delúbios da vida, a seção estadual do partido não foi arrastada e ainda hoje tem qualidades a exibir. É um PT bom, o melhor do Brasil.

Adriana dificilmente vencerá. E ela reconheceu a muralha à sua frente, ao abdicar da sua biografia e ao se propor a uma trapaça eleitoral. Os seus programas no rádio e na televisão são frouxos e pífios, dada a opção pela transfiguração acompanhada de falas pasteurizadas nas quais não se reconhece a mulher de valor, muito maior que o PT, que mesmo assim se reduzirá, caso eleita, a ser uma petista na prefeitura, cantando hinos ideológicos e louvando o deus caído aboletado na presidência, haja vistas aos seus votos na Câmara Federal – contrariando até a sua formação profissional como delegada de polícia. Não se esqueçam: quem quiser votar na nova Adriana, o número a teclar nas urnas eletrônicas não é mais o 13. É 1 + 3.