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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

25 mar

Eleição de Lissauer Vieira para a presidência diminuiu o tamanho da Assembleia, que deixou de ser um Poder monolítico e se fragmentou, além de ser tratado como desimportante pelo Executivo

A Assembleia Legislativa diminuiu de tamanho com a eleição de Lissauer Vieira(foto) para a sua presidência. O Poder, hoje, perdeu a relevância como protagonista da política estadual  e já está completando dois meses, na atual Legislatura, sem mostrar qualquer peso estratégico para o Estado. Pior: o Executivo não dá nenhuma importância para a Assembleia, tanto que não teve pejo em deixar vazar que está montando a sua base de apoio parlamentar comprando deputados com cotas de R$ 30 mil em nomeações e não mediante uma fundamentação em ideias e propostas para Goiás.

 

Lissauer Vieira, venhamos e convenhamos, é um presidente fraco. Foi eleito não em função de uma articulação, mas através de um processo miúdo típico dos vereadores de Goiânia: primeiro, em uma tentativa de reação diante da suposta interferência do governador Ronaldo Caiado, que lançou um candidato, Álvaro Guimarães, para o comando do Legislativo, mas – é preciso dizer a verdade – não moveu uma palha para isso e, portanto, não caracterizou ingerência alguma, e, segundo, através de métodos eleitorais infantis e desmoralizantes, como o confinamento de 33 parlamentares em uma chácara em Anápolis, para garantir que não fossem alcançados por influências externas e mantivessem a palavra – procedimento típico das escolhas dos últimos presidentes da Câmara Municipal.

 

Com presidentes como Jardel Sebba, Helder Valin ou até mesmo Zé Vitti, a Assembleia tinha representação e uma liderança que falava pelo Legislativo. Institucionalmente, se era preciso encaminhar algum assunto junto aos deputados, seja de interesse do governo, seja do interesse da sociedade, era através deles que tudo começava. Agora, não. Um exemplo foi a rejeição da emenda orçamentária que destinava mais recursos ao Ministério Público Estadual. O procurador-chefe Ailton Vechi, ingenuamente,  procurou Lissauer Vieira e o líder do governo Bruno Peixoto, concluindo que o assunto estava resolvido. Surpresa: no plenário, a emenda foi rejeitada (por vingança do deputado Cláudio Meirelles, que se considera perseguido pela instituição) e deixou o MPE em dificuldades quanto aos recursos de que necessita para atravessar 2019. A conversa com Lissauer Vieira e Bruno Peixoto não serviu para nada. Vechi deveria ter dialogado com os deputados um a um: isoladamente, cada qual, no atual momento de fragmentação do Poder, é a Assembleia.

 

O governador Ronaldo Caiado, de sua parte, age como se a Assembleia não existisse e parece que não está errado. Lissauer Vieira desapareceu. E as duas CPIs que foram imprudentemente instaladas, a da Celg-Enel e a dos incentivos fiscais, sem que os deputados tenham o menor conhecimento sobre os dois assuntos, com ridículos 90 dias cada uma para completar as investigações, reforçam ainda mais a impressão de que o Poder está sem rumo.