Discurso de Zé Eliton, dizendo ter “nojo” das negociações políticas, é erro estratégico que Marconi nunca cometeu, ao afastar ainda mais um aliado, o PP, que já está caindo fora
O discurso do governador Zé Eliton, na segunda-feira, com críticas pesadas ao processo de negociação política, tudo indica que desabafo diante das pressões que vem recebendo do ministro Alexandre Baldy e do deputado federal Heuler Cruvinel para entregar a Saneago ao PP, configura um erro estratégico sem tamanho para alguém na posição do orador.
As raposas mineiras ensinam que, durante uma articulação, principalmente em se tratando da atração de aliados para o processo eleitoral, não é conveniente jamais partir para o ataque e imprensar os interlocutores contra a parede. Isso pode às vezes ser necessário, mas não por conta do líder maior e sim pela tropa de choque e ele, o líder, até pode entrar em seguida para apaziguar os ânimos e posar de ponto de união.
Candidato precisa de todo mundo e só quebra o pau depois que a divergência está consolidada e é irreversível. Nos governos e nas campanhas de Marconi Perillo, ninguém nunca viu nada parecido com o desabafo de Zé Eliton, atacando quem pode vir a apoiá-lo a depender do resultado das conversações. Não se faz política de cabeça quente.
Pior: e se, por acaso o PP acabar fechando com Zé Eliton? Vão dizer que foi pelo balcão de negócios e não pela convicção. Uma fissura ficará. Quem tem “nojo” da política não pode estar na política.