Executivo e Legislativo, em Goiás, precisam parar de olhar para o próprio umbigo e implantar agendas de interesse da sociedade e do desenvolvimento econômico do Estado
Se há algo em que o Executivo e o Legislativo confluem, em Goiás, é na preocupação excessiva com o próprio umbigo e no consequente desprezo pela implantação de agendas de interesse da sociedade e do desenvolvimento econômico do Estado.
O que se tem hoje? O governador Ronaldo Caiado, com razão, só se preocupa com a saúde financeira de um governo que herdou em situação de calamidade fiscal. Sim, essa é uma realidade que não pode ser ignorada. Perseguir soluções para superar o rombo que se abre mensalmente nas contas estaduais é uma obrigação da qual não há como fugir. Igualmente, o presidente da Assembleia Lissauer Vieira só pensa na construção do palácio que abrigará a Assembleia, futuramente, no Park Lozandes, pela bagatela de mais de R$ 120 milhões – hoje a maior obra em andamento em Goiás. Fora isso, não esquenta a cabeça com mais nada, a não ser o desequilíbrio entre receita e despesa em que o Legislativo foi lançado com a decisão do Supremo Tribunal Federal de incluir os gastos com pensionistas e retenção de Imposto de Renda no cálculo dos percentuais que, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, tem que ser obedecido para a folha de pagamento.
Não há como um, Caiado, e outro, Lissauer, possam fugir desses desafios. Mas, enquanto isso, como fica o interesse público por medidas como a extinção do DIFAL, um imposto nefando criado pelo ex-governador Marconi Perillo que nada mais é que um golpe contra os micros, pequenos e médios empresários goianos (definição do próprio Caiado, na época), ou a suspensão da absurda taxa de potencial de incêndio, inventada pelo Corpo de Bombeiros, também na época de Marconi, para subtrair dinheiro do caixa das pessoas jurídicas instaladas no Estado.
Mais uma: o certificado digital que a Secretaria da Economia exige das empresas para que possam recolher o ICMS teve o prazo de validade reduzido de três para dois anos e agora para um ano. A cada nova emissão, lá se vão mais de R$ 200 reais, constituindo um verdadeiro cartório para os poucos credenciados a emitir o tal documento – que deveria ter validade de 10 anos ou, ao menos, até que alterações houvessem nos contratos registrados na Junta Comercial. Sem falar na burocracia e na perda de tempo.
Há projetos resolvendo essas pendências na Assembleia e na assessoria econômica do Palácio das Esmeraldas. Mas seus respectivos chefes parecem não se importar, envolvidos com o imediatismo do dia a dia vivido por cada um. Está na hora de mudar e sinalizar que o governo, em Goiás, principalmente o Executivo e o Legislativo, também se preocupam com as cidadãs e os cidadãos.