Em vez de divulgar notas atacando Vanderlan e insistindo na estratégia de aproveitar eleitoralmente a doença de Maguito, MDB e Daniel Vilela deveriam assumir o erro e pedir desculpas
Acaba de sair uma nota oficial do presidente estadual do MDB Daniel Vilela mais uma vez insistindo, entre constrangedores erros de português, na estratégia de aproveitar eleitoralmente padecimento do pai Maguito Vilela, internado em estado grave na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein para tentar se livrar do novo coronavírus – que, aliás, o infectou justamente pela própria falta de cuidados, a negligência da campanha emedebista com a pandemia e, é claro, a ânsia de poder de familiares como Daniel, que andava diariamente ao lado dele e, mesmo sabendo que integrava o grupo de alto risco devido a elevada idade, também não se preocupou em protegê-lo convenientemente, talvez até, antes, o aconselhando a não se candidatar diante das chances de se contaminar e enfim acabar passando pelo que está passando (Maguito e os seus tinham noção do perigo que corria, uma vez que havia o precedente de duas irmãs também idosas levadas a óbito pela Covid-19).
Daniel Vilela, diga-se, não teve e não tem vergonha de faltar com a transparência e perserverar no esforço para faturar o sofrimento paterno. Ele foi um dos que mais fabricou versões durante todo o curso da doença do pai, “comemorando” imprudentemente melhoras que nunca chegaram e anunciando irrefletidamente sua iminente saída do hospital, enquanto, na prática, o que acontecia era a piora do seu estado de saúde, até chegar ao ponto em que está agora e que ninguém sabe com exatidão qual é, graças à desfaçatez com que informações cruciais estão sendo escondidas para não ameaçar a confiança das eleitoras e dos eleitores goianienses no candidato que já ganhou o 1º turno e caminha para abiscoitar o 2º – em uma espécie de estelionato eleitoral inédito na história política do país.
Segundo Daniel Vilela, a culpa por tudo isso é de Vanderlan Cardoso, que estaria sendo desumano com o candidato e sua família – já plantando aqui uma vacina caso venham ataques do representante do PSD -, de resto, acrescentou, sem provas de que houve ocultação de dados sobre a realidade do candidato emedebista. Ora, ora, na própria nota essa afirmação é autodesmentida. Daniel cita boletins médicos assinados por médicos do Albert Einstein que nunca foram divulgadas, substituídos por comunicados eleitoreirosdo MDB, com texto reescrito e reformatação para atingir o objetivo de garantir a imagem fake de um candidato em plena recuperação e apto a receber votos e governar a capital. Apenas na última segunda, 17 de novembro, é que um boletim médico de autoria indesmentível do hospital foi publicado, pela primeira vez, provavelmente em razão da autodesconfiança do MDB e do filho sobre a eficácia dos seus “comunicados”. No entanto, um só e mais nenhum, sintomaticamente, quando a regra em casos semelhantes seria de dois boletins por dia.
Mesmo fingindo indignação, para, como dito, extrair dividendos eleitorais, Daniel Vilela não se lembrou de usar a sua triste “nota de repúdio” para esclarecer como está o seu pai, preferindo fazer da desinformação um elemento decisivo para manter viva a candidatura e iludir o eleitorado com a iminência de um desfecho positivo, que parece longe de ser alcançado. Isso, sim, é desumano. Seria interessante e importante conhecer o que Maguito pensaria do que está sendo feito em seu nome, se ele aprovaria a farsa montada e se julgaria decente e digno ser eleito através desses artifícios que podem até funcionar, mas mancharão e tirarão a legitimidade do seu mandato. Ainda há tempo, portanto, para um pedido de desculpas a Goiânia.