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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

28 jan

Evangélicos se gabam de não mentir, mas os que estão aboletados na prefeitura de Goiânia não mostraram nenhum apreço pela verdade na questão do aumento abusivo do IPTU

Rogério Cruz deveria parar de brincar de ser prefeito. Como vai, sem avançar um milímetro nas obras inacabadas deixadas por Iris Rezende, com realizações pontuais apenas no varejo, longe de definir um conceito para a sua gestão e periodicamente estrelando manchetes negativas com casos escandalosos envolvendo consultorias milionárias e negócios estranhos que o Ministério Público Estadual tem contestado, tudo isso em apenas um ano de mandato, não chega inteiro ao fim do mandato, ooooops… se chegar.

O recorde de impopularidade em Goiânia pertence ao falecido Paulo Garcia, que deixou o Paço Municipal com apenas 5% de aprovação. Cruz parece determinado a superar essa marca triste. O imbróglio do IPTU, reajustado para a maioria dos proprietários de imóveis na capital mediante índices inaceitáveis, enterra a gestão do atual prefeito para sempre, sem possibilidade de ressurreição. Ele, milagrosamente, tem escapado de ver a sua baixa avaliação estampada em pesquisas sérias, como a do instituto Serpes, divulgada nesta semana, que só perscrutou a aprovação do governo do Estado e não mexeu com a prefeitura de Goiânia. Mas, cedo ou tarde, os seus índices de reprovação e rejeição virão à tona.

Cruz, crente do pé rachado, integra uma seita religiosa cujos membros se gabam de não mentir. Mas, segundo o Popular, ele não só é mentiroso, como também, usando uma expressão de Jesus Cristo, “o pai da mentira”. É que, garante o jornal, com toda a sua credibilidade, “o Executivo municipal mentiu ao afirmar na época da votação que não haveria aumento na arrecadação de IPTU e ITU caso o projeto de mudanças no imposto fosse aprovado. Tanto o prefeito Rogério Cruz, como o secretário municipal de Finanças, Geraldo Lourenço, e o de Governo, Arthur Bernardes, garantiram que a Prefeitura não arrecadaria mais com as mudanças. Na verdade, a previsão subiu de R$ 931 milhões para R$ 1,17 bilhão, bem acima da inflação oficial de cerca de 10%”.

Está aí, com números, a prova de que o prefeito e sua equipe têm pouco respeito pela verdade, mesmo evangélicos em sua maioria. Cruz, que não tem legitimidade por não ter sido eleito, é um que, segundo o Popular, “mentiu” – e lembrando aqui às leitoras e aos leitores que não é comum um grande jornal usar esse verbo para definir declarações de autoridades ou políticos. O prefeito, no entanto, merece. É mais um tijolo na construção do desastre moral e administrativo que se desenha na lambança comanda do alto do Park Lozandes.

É grave. A sina das goianienses e dos goianienses é atravessar os próximos três anos, até a eleição de um novo prefeito, submetida à incúria, incompetência e falta de bom senso, mesmo mínimo, nas decisões inerentes ao conjunto da população. Paulo Garcia, onde se encontra, pode descansar tranquilo. Surgiu alguém que vai passar para a história de Goiânia como o pior que já se assentou na cadeira de prefeito municipal. O pior dentre os piores. Esse título ninguém tira de Rogério Cruz.