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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

13 set

Confronto entre Marconi e Delegado Waldir será decidido na última semana: os 6 ou 7 pontos de dianteira do tucano são quase nada diante da força da base governista

O voto para o Senado é o último a ser decidido pelas eleitoras e pelo eleitor. No geral, ninguém sabe para que serve a mais alta Câmara Legislativa do país, ainda mais em uma eleição em que há cargos importantíssimos em disputa, como a presidência e os governos do Estado. Não é diferente em Goiás. Tradicionalmente, a definição do novo ou novos senadores, quando há duas vagas disponíveis (neste pleito, uma), só ocorre na reta final. E muitas vezes trazendo surpresas.

É isso que ameaça o ex-governador Marconi Perillo. Por ora, ele lidera as pesquisas, mas com uma frente de 6 ou 7 pontos, em empate técnico com Delegado Waldir, o 2º colocado, como revelou o Serpes no último domingo. Há pesquisas mostrando Marconi e Waldir numericamente empatados e outras com o Delegado na cabeça. Não têm credibilidade, contudo, embora sirvam como referência, em alguns casos, para a avaliação das tendências dessa eleição.

Predomina hoje a visão de que o tucano se precipitou ao deixar de lado a segurança de uma cadeira na Câmara Federal e pular no escuro da corrida senatorial. Iris Rezende fez o mesmo em 2002: apenas quatro anos antes, havia sido abatido por Marconi para o governo do Estado e logo após, tal e qual Marconi em 2018, atolou-se em um momentoso escândalo de corrupção, quando teve um irmão preso. Duas vagas para o Senado estavam em jogo. O velho cacique emedebista brilhava nas pesquisas, deixando Lúcia Vânia e Demóstenes Torres comendo poeira. Nos últimos dias antes das urnas, veio o desastre: Demóstenes disparou e triunfou como o primeiro colocado, enquanto Lúcia ficou com a segunda posição.

Quatro anos entre uma eleição e outra não foram suficientes para Iris purgar seus pecados. Assim como, agora, os mesmos quatro anos podem não o ser para Marconi. A prudência recomendava mais quatro anos, com a conquista vitoriosa de um mandato proporcional primeiro, o de deputado federal, e em seguida, em 2026, mais de oito anos depois da queda de 2018, aí, sim, enfrentar uma eleição majoritária (para o Senado, por exemplo, serão duas vagas). Nada disso: Marconi preferiu reeditar os seus tempos de juventude, quando a ousadia o fez enfrentar e vencer Iris em 1998. Não tinha nada a perder, naquela época, e ganhou. Ao contrário, a precipitação injustificável em que se meteu no pleito deste ano, se sobrevier um novo fiasco, será fatal para o seu futuro.

O jornalista Divino Olávio fez uma pesquisa e publicou no seu blog: em 40 anos, desde a redemocratização iniciada em 1982, somente quatro senadores de oposição foram eleitos em Goiás: Mauro Borges, lá atrás, Ronaldo Caiado em 2014 e Vanderlan Cardoso e Jorge Kajuru em 2018. Os 12 demais foram todos da base dos governos de então. É nessa história que Marconi não prestou atenção. Ooooops… ele, claro, não está derrotado por antecipação. Arriscou todo o seu capital político e conta com boas chances de sair eleito das urnas de 2 de outubro, em uma reviravolta com enormes reflexos na eleição vindoura, a de 2026. Ocorre que a sua vantagem nas pesquisas é irrisória. São pontinhos mal representando 200 mil votos em um universo de 4,8 milhões, com o fantasma do Delegado Waldir arrastando as correntes da poderosa base governista para assombrar os dias tensos e aflitos que as duas próximas semanas reservam para Marconi.