Pesquisa Serpes/O Popular: derrapada estratégica derruba Waldir e abre a perspectiva de ressurreição de Marconi com a vitória para o Senado
Na pesquisa Serpes/O Popular publicada no dia 9 último, Delegado Waldir havia encostado no líder Marconi Perillo, com um empate técnico na faixa de 21,5% das intenções de votos para os dois. O levantamento refletiu as primeiras duas semanas dos programas eleitorais no horário gratuito do rádio e da televisão, quando Waldir insistentemente recorria ao seu perfil de candidato ficha limpa, que não havia abandonado Goiás no auge da pandemia da Covid-19 e mais uma série de ataques sutis e indiretos relembrando os pontos fracos do ex-governador – os eventos policiais de 2018, a sua identificação com a corrupção e a mudança para São Paulo após a derrota nas urnas de quatro anos atrás.
Aparentemente, deu certo. O Delegado avançou e rumou para um nivelamento com Marconi. Mas perdeu a humildade e com ela a visão e a interpretação correta dos fatos. O tucano reagiu com agilidade, colocando um ar uma pílula rememorando o destrambelhamento de Waldir nas suas idas e vindas alternando apoio e rompimento com o governador Ronaldo Caiado e o presidente Jair Bolsonaro. Mostrou também momentos polêmicos de destempero dentro do Congresso Nacional, deixando clara a crítica: tratava-se de alguém sem equilíbrio e estrutura para se sentar na mais alta Câmara Legislativa do país, o Senado Federal. Pelo jeito, colou.
A Justiça Eleitoral tirou essa peça publicitária do ar. Tarde demais, quando, por pelo menos dois dias inteiros, o vídeo rodou na grade diária das televisões e o áudio nas e estações de rádio. Enquanto isso, Waldir alterou o conteúdo dos seus programas eleitorais, passando a apresentar-se como o “estadista” que não é e nunca será, suspendendo a ofensiva contra Marconi (que mirava também outro enrolado com casos de desvios de recursos públicos, Alexandre Baldy). De repente, passou a focar em propostas para a sua atuação como senador.
Resultado: veio a nova rodada da pesquisa Serpes/O Popular, nesta sexta, 16, e Waldir despencou 5,3 pontos, permitindo a Marconi, mesmo sem subir e praticamente mantendo seu índice anterior, com a anexação de apenas 1,2 ponto (um nada dentro da margem de erro) e se firmando nos 25,8% – faixa que parece ser o seu teto – estabelecer uma respeitável vantagem de 12,6 pontos. Piormente falando, em cima da queda de Waldir, para quem o levantamento do Serpes não poderia trazer notícia mais assustadora.
E agora? Simples: não resta a Waldir nada além da solução clássica a ser adotada quando, na reta final, alguém fica para trás em uma corrida eleitoral. Bater. Retomar a investida contra Marconi que balizou os seus programas antes da pesquisa anterior, porém, sem dúvidas, com mais ênfase. Sutilezas serão deixadas de lado. A apresentação do ex-governador como um político corrupto virá de um modo mais cru e objetivo. Problema: se Waldir errar na dose, atrairá mais rejeição e perderá todas as chances de se recompor, já diminutas a essa altura.
Quem acredita que o Delegado será capaz? Quase ninguém. Ele não tem assessoramento especializado. Se tivesse, não ouviria. E, se ouvisse, com grandes probabilidades executaria da forma errada. É o defeito capital de políticos independentes, solitários e autoconfiantes como ele. A eleição para o Senado, portanto, a 15 dias das urnas, tomou uma direção inacreditavelmente favorável a Marconi Perillo. O milagre da ressurreição está a caminho de acontecer.