Eleições/2026: o mato sem cachorro do PT em Goiás
O PT não tem alternativas saudáveis para enfrentar as eleições de 2026 em Goiás. Ilhado por uma população ultraconservadora, com a direita ostentando maioria folgada e esmagadora nas urnas desde 2018, porém com um histórico de derrotas de décadas para o governo do Estado e evidenciado em todas as campanhas de Lula, exceto uma, porque aqui o marido da Janja não vence, o partido estará enfiado em um buraco sem precedentes no ano que vem. Não tem para onde correr, como se verá nos próximos parágrafos. É o que a sabedoria popular chama de “mato sem cachorro”.
Nas pesquisas publicadas desde já, a deputada federal Adriana Accorsi aparece em 4º lugar, atrás do 1º colocado, Daniel Vilela, do 2º, Marconi Perillo, e do 3º, Wilder Morais. Pior: não chega a 10 % das intenções de voto, antes, passa longe. Representante mais conhecida do petismo estadual, Adriana coleciona três fiascos sucessivos na tentativa de conquistar a prefeitura de Goiânia, mesmo apresentando-se como uma progressista “light”. A outra figura do partido que tem alguma ressonância eleitoral é o deputado federal Rubens Otoni. No último levantamento do instituto Real Time Big Data, da Rede Record (credibilidade mediana), ele milagrosamente consegue 11 pontos para o Senado, no entanto, suficientes apenas para um 5º lugar em um cenário de duas vagas disponíveis, com Gracinha Caiado e Gustavo Gayer liderando.
Quer dizer: Adriana não tem chances para o Palácio das Esmeraldas nem muito menos Otoni para concorrer a um mandato senatorial. Simples assim, ninguém da esquerda regional exibe perfil majoritário para 2026. Explica-se: Goiás é o Estado mais direitista e mais bolsonarista do país, conforme comprovado por inúmeras e inúmeras pesquisas. As goianas e os goianos só votam em petistas para a Assembleia (três deputados) e para a Câmara Federal (dois). Fora isso, são reles três prefeitos e escassos vereadores aqui e ali. O resto é gogó, como a conversa de Adriana Accorsi sobre a candidatura a governadora em 2026 e a montagem de uma chapa de esquerda. Não vai acontecer, sobrando apenas a chance de se compor com projetos fragilizados como a do ex-governador Marconi Perillo, se sair, porém oferecendo nomes eleitoralmente insignificantes (a exemplo do ex-reitor da PUC Wolmir Amado, em 2022), apenas para garantir um palanque mínimo (e olha lá) para o candidato da legenda a presidente, seja Lula ou quem for.
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Uma determinação do comando nacional do PT, que a turma de Goiás obedece de cabeça baixa, sem discutir, é que as lideranças mais viáveis nas urnas que se aproximam devem ser aproveitadas na corrida por mandatos no Senado e na Câmara Federal, onde, hoje, formar maiorias é vital para a sobrevivência política de toda e qualquer legenda, em termos nacionais. Assim, os melhores quadros devem se direcionar para o pleito proporcional. Como seria arriscadíssimo lançar Adriana ou Otoni para a Câmara Alta, diante da previsão de derrota certa, sobra a busca por cadeiras de deputado federal. É o que predominar, depois de um jogo de cena daqui até a época da definição nas convenções, ou seja, meados do ano que vem. Adriana e Otoni vão falar até ficar roucos em candidaturas a governador ou a senador, para ganhar algum espaço midiático, só que, no desfecho de tudo, não vão passar da reeleição para a Câmara. É o que dá, o que é possível e fora daí não existem nem sequer ilusões.