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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

29 jul

Coordenações da campanha de Zé Eliton, entregues a nomes marconistas, não têm potencial para alavancar o candidato e sugerem manobra para dividir as responsabilidades de uma eventual derrota

Em uma manobra na qual muitos viram uma espécie de vacina para não ser acusado, no futuro, de ter afundado o barco sozinho, em caso de derrota, o governador Zé Eliton criou uma série de “coordenações” de campanha e as entregou a nomes estreitamente ligados ao ex Marconi Perillo.

 

As “coordenações” são também uma tentativa de colocar a campanha na rua, coisa que os adversários Ronaldo Caiado e Daniel Vilela já fizeram, com sucesso, há muito tempo, enquanto a base governista continua na inércia.

 

Veja, leitor, uma análise rápida, das principais “coordenações” e seus titulares:

 

Coordenação da capital – Entregue a Jayme Rincon, que se licenciará da Agetop. Embora seja queridinho dos políticos, que fazem fila na porta do seu gabinete, já que comanda a estrutura de obras do governo, é alguém sem  experiência eleitoral. Nunca foi candidato a nada e, nas campanhas de Marconi em 2010 e 2014, exerceu com mão de ferro a tesouraria. Enfrentará o tradicional cenário hostil ao governo em Goiânia e começou mal, anunciando que vai cobrar da população retorno pelas realizações governamentais na maior colégio eleitoral do Estado.

 

Coordenação do entorno de Brasília – Assume Walter Rodrigues, conselheiro aposentado do TCM, no passado distante deputado estadual por Luziânia. É da velha guarda tanto do MDB quanto do PSDB. Pela idade avançada, não tem o gás necessário para a espinhosa missão.

 

Coordenação de comunicação – São três grupos que se enfrentam na comunicação de Zé Eliton, mas o dominante é o comandado pelo ex-titular da coluna Giro, de O Popular, Jarbas Rodrigues, hoje sombra do governador. É fácil prever que a área será palco de atritos durante a campanha.

 

Coordenação política – Outro nome da velha guarda, Jalles Fontoura, que deixará a Saneago. Situa-se a léguas de distância do falecido Fernando Cunha, que exerceu com sucesso a função em todas as campanhas do Tempo Novo até 2010. É mais um nome de fachada, para entrevistas e discursos em eventos eleitorais.

 

Coordenação de Aparecida – Entregue a Charles Antônio, que tem origens políticas no segundo maior colégio eleitoral do Estado, mas onde sempre integrou o baixo clero. Homem de confiança de Zé Eliton, é o único não marconista nas coordenações. Em Aparecida, hoje feudo do MDB e dos Vilela, a situação é tão adversa para o governo que o coordenador não terá uma única liderança de peso para chamar para uma reunião.

 

Coordenação financeira – João Furtado, coringa do Tempo Novo que já esteve em todas as funções possíveis de governo. Será de fato o contador da campanha, sob pressão das regras restritivas da legislação eleitoral e do espectro da Operação Lava Jato.