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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 ago

Avaliação do blog: dentre os 3 principais candidatos a governador, Daniel Vilela fez o melhor discurso em convenção, com clareza, conteúdo, objetividade e estratégia eleitoral perfeita

Este blog acompanhou pelo menos a maior parte dos discursos que foram ditos pelos três principais candidatos a governador – Ronaldo Caiado, Zé Eliton e Daniel Vilela – em suas respectivas convenções, após serem oficializados representantes de suas coligações na próxima eleição.

 

Sem medo de errar: Daniel Vilela fez o melhor pronunciamento. Falou em tom de conversa, sem gritaria ou estilo de metingueiro, criticando duramente, mas com palavras equilibradas, os adversários e apresentando um bom resumo das suas ideias e propostas iniciais para Goiás. É de se ressaltar que o filho de Maguito Vilela aperfeiçoa a cada dia a sua capacidade de expressão, especialmente na construção de frases claras e de fácil compreensão para todo e qualquer nível de ouvinte. Sua estratégia foi perfeita: não houve uma palavra que não levasse a plateia a evocar aspectos negativos dos concorrentes, que ele, habilidosamente, vem misturando em um saco só.

 

Caiado e Zé Eliton, ao contrário, foram igualmente mal. Ambos professorais e messiânicos, lembrando os oradores carregados de entonação da velha política, com pausas calculadas para produzir efeitos que não funcionam mais na comunicação moderna diretamente com as pessoas.

 

Zé Eliton se perdeu em um falatório administrativo, citando obras e programas do passado, que, ele ameaça, só seriam mantidos se ele ganhar o pleito – uma bobagem em que ninguém acredita. Defendeu ardorosamente a manutenção do legado de Marconi Perillo, que tem pontos favoráveis, mas traz consigo a carga negativa de 20 anos continuados de poder absoluto. Novamente, falou em miniprojetos, como a tentativa já iniciada de extinção das filas de espera para exames e cirurgias nos hospitais públicos. Em termos de políticas de ampla visão para o futuro do Estado, não conseguiu formular nada. Seu problema nº 1 com a retórica continua: usa termos e orações de difícil entendimento e na convenção, ao discursar de forma entrecortada, perdeu-se muito vezes nos meandros da sua própria eloquência.

 

Caiado precisa aprimorar e muito o seu discurso, para sair dos chavões e das afirmações genéricas desacompanhadas de um raciocínio explicativo. Também citou projetos, embora com alguma criatividade, como a proposta de investir nas 50 menores cidades do Estado – o que não rende votos, pois juntas somam um eleitorado insignificante, mas mostra uma preocupação social interessante. Foi quem fez o discurso menos costurado, com opiniões e conceitos esparsos e sem ligação entre si. Passa, mais que todos os outros, uma imagem de vigor, porém ainda atrelado a uma perspectiva excessivamente política e às vezes longe da modernidade.