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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

20 ago

Nunca ninguém deixou a política tão celebrado e elogiado quanto Thiago Peixoto, mas a verdade precisa ser dita: ele saiu porque esse é um campo onde os fracos não têm vez

Thiago Peixoto abandonou a política, renunciado à sua candidatura à reeleição e deixando uma carta-testamento sem muita clareza quanto ao que o motivou.

 

Este blog não poderia ficar sem analisar esse fato. Thiago teve uma carreira de três mandatos, um de deputado estadual e dois de federal, muito controversa. Começou no PMDB, que abandonou, mudando-se para o PSDB e finalmente ajeitando-se no PSD, onde, acreditava, chegaria a ter projeção nacional. Não aconteceu. Nessa trajetória, foi secretário de governo de Iris Rezende na Prefeitura e depois titular de três pastas com Marconi Perillo – Educação, Planejamento e Desenvolvimento. Não se saiu bem em nenhuma, tanto com Iris quanto com Marconi.

 

Quis ser um político diferente, um político de ideias. Um problema é que os governantes, em Goiás, de um lado ou de outro, preferem bajuladores, não cabeças pensantes. Outro é que, se quiser sobreviver em um campo onde os fracos não têm vez, quase sempre é preciso abrir mão das ideias e fazer as necessárias concessões. Mas sem fazer propaganda. Thiago Peixoto, depois de criticar o quarto governo de Marconi como uma reedição de mais do mesmo (sim, é um pleonasmo, mas proposital) das obras, programas e figurinhas carimbadas do Tempo Novo, voltou atrás e se propôs se juntar e a defender tudo o que condenou. Até hoje, ele mantém nas suas redes sociais, em destaque, uma nota da coluna Giro, de O Popular, onde diz que Zé Eliton, se assumisse o governo para simplesmente manter e conservar o que já existia, estaria condenado ao fracasso. Ao pretender a vaga de candidato a vice, deveria tê-la rasgado.

 

A política é um processo de seleção natural onde é preciso ser forte para sobreviver. Velhas raposas como Vilmar Rocha sentem-se à vontade nesse espaço. Elas perdem hoje, ganham amanhã e assim vão levando. No confronto com Thiago, Vilmar levou notória e óbvia vantagem. E, anote-se, Vilmar também é um político de ideias – característica de poucos, mas não privilégio de um só. O que houve entre os dois foi um embate de cavalheiros usando luvas de pelica. Foi ético e apenas uma batalha, não guerra. Thiago perdeu e levou para o campo pessoal. Deu o troco, matando o compromisso de Vilmar com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, de eleger dois deputados federais por Goiás. Mas, para isso, quebrou a confiança recebida das mais volumosas bases eleitorais que jamais teve em qualquer eleição anterior. Apequenou com um tempero de vingança a sua renúncia. Não sustentou as expectativas. E ainda transferiu parte da sua votação para um deputado que é o oposto do seu perfil, Lucas Vergílio.

 

Não, não é caso de aplausos. É mais de respeitoso réquiem. Mas réquiem.