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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

21 ago

Crítica aos programas dos candidatos oposicionistas, feita pelo marconismo, de que não apontam fontes de financiamento, é estupidez. JK, para fazer Brasília, não indicou a origem dos recursos

Do marconismo partiu a seguinte crítica aos programas dos candidatos oposicionistas: “Não indicam a fonte de financiamento”. É estupidez.

 

De uns tempos para cá, por falta de cultura, os políticos começaram a confundir programa de governo com plano de governo. São conceitos distintos. O programa de governo de JK se resumia a 50 metas, entre elas a mudança da capital. JK não indicou a fonte de recursos para a construção de Brasília.

 

Candidatos apresentam programas, ou “plataformas”, um conjunto de propostas genéricas, de compromissos políticos e econômicos, de diretrizes para a ação governamental. Um bom programa serve de base para a elaboração de planos executivos, onde se identifica os meios, definem-se projetos, cronogramas, orçamentos etc.

 

Governos findantes estabelecem o orçamento para os entrantes. Quando o eleito é amigo do que vai sair, pode sempre contar com a colaboração do antecessor. José Feliciano mandou para a Assembleia a proposta de orçamento que Mauro Borges, eleito, lhe apresentou. E fez aprovar o Plano MB. Para Caiado, que vai assumir como oposicionista, as coisas não serão fáceis.

 

Esta crítica, de resto, contém uma confissão: o Estado já não possui fontes próprias de financiamento dos investimentos. Arrecada-se mal e porcamente para quitar folha de pagamento. As obras dependem de recursos externos, federais ou particulares, cada vez mais escassos. Segundo o pai do candidato a vice-governador na chapa de Caiado, o conselheiro Tejota, a renúncia fiscal em Goiás monta a quase 30% do potencial de arrecadação. A dívida perante a União leva 13% da receita líquida. A dívida junto aos bancos leva outro tanto.

 

Do ponto de vista fiscal, o Estado de Goiás está quebrado, falido, à beira da insolvência. Bobagem apontar culpados. De Otávio Lage para cá, todos os governadores respondem pelo crescimento exponencial da nossa dívida. Uma dívida já paga muitas vezes, realimentada por despesas financeiras. Uma dívida sem contrapartida cuja única e justa solução seria sua extinção. Pura e simples.

 

Não passa pela cabeça de nenhum candidato o enfrentamento político da dívida. Contudo, esta é a grande e inarredável questão. Eis aí um tópico que não entrou em nenhum programa.(Helvécio Cardoso, jornalista)