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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

02 set

Caiado chegou ao 1º lugar nas pesquisas com atuação dura e assertiva, às vezes até bravo e brigão. Se ele se tornar “paz & amor” em excesso, confundirá o seu eleitorado e acabará em prejuízo

Ronaldo Caiado sempre foi muito bravo e, às vezes, até brigão, envolvendo-se em inúmeros episódios públicos de confrontação pessoal, ao longo da sua trajetória. Certo ou errado, foi assim que ele construiu uma imagem assertiva, de intransigência com a corrupção e com desvios de conduta – imagem que, no final das contas, foi responsável por levá-lo ao 1º lugar absoluto nas pesquisas para o governo de Goiás.

 

Sendo assim, ele inegavelmente corre riscos se tentar evoluir para um comportamento estilo “paz & amor”, suavizando a sua postura – como fez nos três debates realizados até agora – e tornando-se irreconhecível para o seu vasto eleitorado. Que Caiado é esse que é chamado de “mentiroso” por Daniel Vilela e Zé Eliton e simplesmente permanece frio e impassível, sem esboçar a reação enérgica e belicosa que qualquer um esperaria dele em outros tempos?

 

Já reparou, leitor? Quando Caiado, em suas manifestações públicas, fala com firmeza em ser inflexível no combate à corrupção, ele transmite a ideia de que, em meio à deterioração geral da classe política, ainda há alguma esperança e alguém que pode fazer a diferença. É isso, o rigor e até uma certa aspereza ao se expressar, que Caiado tem de melhor. E foi isso que o levou ao pódio das pesquisas. Em vez de colar nele a pecha de desequilibrado, as brigas que enfrentou no Congresso Nacional simbolizaram positivamente a sua intransigência ética e austeridade moral, produtos escassos no Brasil de hoje.

 

Todo e qualquer candidato a cargos majoritários promove um ajuste nos seus modos para fazer a campanha eleitoral com os melhores resultados possíveis. . Claro, Caiado também teria que fazer – e fez. Não pode é sair de um extremo e cair no outro.