Polêmica sobre logomarca e slogan do governo Caiado beira o ridículo. O certo seria usar o brasão do Estado e acabar com gastos inúteis para trocar a marca a cada 4 anos. Isso, sim, seria inovador
O governador Ronaldo Caiado, que se apresenta como o formulador de uma mudança administrativa radical e moralizadora, caiu no canto da sereia dos seus publicitários e resolveu copiar todos os governos passados com a criação de uma logomarca e um slogan para a sua administração.
Ledo equívoco. Caiado, que fala dia em noite em reduzir gastos e conter desperdícios, vai torrar uma nota com a introdução da sua marca nos papeis, sistemas online, banners, letreiros e demais interfaces que o governo tem com a sociedade. Sem falar que governos são impessoais e não deveriam ser identificados a não ser como entes públicos atemporais. Caiado vai queimar dinheiro público à toa. O governo mais bem ajustado do Brasil, do ponto de vista financeiro, é o de São Paulo, que há duas décadas usa o brasão do Estado como símbolo, sem bordão publicitário nenhum, dando um exemplo que Goiás deveria copiar – se aqui as intenções de moralidade e de austeridade fossem um pouco além que a mera discurseira vazia e marqueteira dos governantes.
A logomarca do governo Caiado, esteticamente, é um horror, culpa de quem a bolou inspirando-se em uma das piores bandeiras estaduais do país, cópia malfeita do estandarte dos Estados Unidos, com faixas bicolores e um canto com cinco estrelas hipoteticamente representando o Cruzeiro do Sul, a menor das constelações penduradas no infinito, que tem o formato de uma cruz, enquanto a da flâmula de Goiás é um quadrado. Além disso, as faixas verde-amarelas, retas na bandeira, foram onduladas em um sobe-e-desce que vende uma impressão negativa de altos e baixos, de ondas e, portanto, de instabilidade. Há elementos visuais em excesso, verdadeira poluição.
O slogan – “Somos todos Goiás” – é o tal que gerou um vendaval de críticas despropositadas, já que teria sido usado na campanha derrotada de Daniel Vilela, o que é uma bobagem. Palavras e frases não têm dono nem muito menos direitos autorais, podendo ser manejadas por quem as quiser e como quiser, valendo o contexto. E o de Caiado, segundo ele mesmo explicou, é o de união, integração, inclusão de todos os goianos, coisa que ele, na prática, não levou tão a sério, por exemplo, na composição do seu secretariado, cujo dístico poderia muito bem ser: “Somos todos… de fora de Goiás”.