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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

03 ago

Saúde de governante é assunto de interesse público. Por isso, Caiado, que, a propósito, é médico, tem que esclarecer a sua condição – e não é aceitável a versão de que teve apenas “uma febre”

Na semana que passou, o governador Ronaldo Caiado foi objeto de uma boataria a respeito do seu estado de saúde. Tudo começou com um post nas redes do senador Jorge Kajuru, pedindo orações diante dos males que estaria enfrentando. Kajuru depois se declarou equivocado, mas enquanto isso o Palácio das Esmeraldas admitiu oficialmente que o seu habitante ilustre tinha sido tomado por “uma febre”e que o seu expediente de trabalho foi suspenso.

 

Daí em diante, a coisa desandou. Caiado teria viajado para São Paulo, em caráter de urgência, atrás de atendimento médico. A maledicência acrescentou que estaria manifestando sintomas da doença de Alzheimer, o que explicaria seu olhar distante e sorriso fixado em fotos e vídeos dos eventos e conversas de que participa – e é uma afecção que alcança em torno de 10% da população idosa do país (ele está na faixa dos 70 anos). Ou então manifestando sintomas tardios do tombo que levou de uma mula, em 2017, quando bateu a cabeça, acabou levado a uma internação em UTI e hipoteticamente a graves desdobramentos neurovegetativos. Tudo, menos a desculpa esfarrapada de “uma febre”.

 

Como se sabe, febre não é uma enfermidade, mas apenas um sintoma de que algo está agredindo o organismo. A explicação oficial, portanto, não colou. A marcação cerrada que a primeira dama Gracinha faz com o marido estimulou ainda mais as especulações. Nunca houve nem em Goiás nem no resto do Brasil uma consorte que faça questão de estar tão presente a cada passo do governante com quem é casada. Ela parece uma guardiã e uma protetora. Some-se isso a depoimentos, reservados, de aliados que relatam conversas em que Caiado se mostra distante ou então esquece-se de acertos feitos… no dia anterior.

 

Para situações análogas, não há nada melhor que a luz do sol afastando a escuridão. Ou seja: que Caiado, até dentro do seu compromisso de médico, diga a verdade e clarifique o que está acontecendo. Rápido.