Deputados reclamam de pressão de Jayme Rincón e da falta de compromisso de marconistas como Daniel Goulart e Sérgio Cardoso, que aprovam no TCM contas polêmicas de caiadistas como Ernesto Roller
Há uma insatisfação crescente entre os deputados da bancada do PSDB na Assembleia – são cinco: Talles Barreto, Gustavo Sebba, Sebastião Caroço, Leda Borges e Hélio de Sousa; o sexto, Diego Sorgatto, aderiu à base do governo Ronaldo Caiado, porém, para compensar, há parlamentares como Lucas Calil e Henrique Arantes, que se alinharam aos tucanos – com o ex-governador Marconi Perillo e pretensos articuladores ligados a ele (tipo o ex-presidente da Agetop Jayme Rincón), como também aliados que ocupam cargos – a exemplo dos conselheiros do Tribunal de Contas dos Municípios Daniel Goulart e Sérgio Cardoso (este, além de tudo o mais, cunhado de Marconi). Há muita reclamação contra essa turma.
O que acontece? Enquanto os deputados que se mantiveram fiéis a Marconi se esfalfam na Assembleia para dificultar a vida do Palácio das Esmeraldas e sustentar um mínimo de oposição em Goiás, o que é positivo para qualquer ambiente democrático, outras pontas de lança ligados ao ex-governador agem em sentido contrário. Vejam só, leitora e leitor: no TCM, um conselheiro-amigo de Marconi, Daniel Goulart, com a ajuda de outro conselheiro-cunhado, Sérgio Cardoso, virou a mesa na sessão de julgamento das contas de 2017 de Ernesto Roller, atual secretário de Governo, como prefeito de Formosa, derrubando com um voto divergente o parecer do relator Francisco Ramos pela rejeição, e aprovando o balanço com a velha estratégia das ressalvas – engolindo irregularidades graves quanto a formação das comissões de licitação da prefeitura, as mesmas que chegaram até a ter membros presos em operações policiais que estão investigando fraudes na maioria das obras no município na gestão de Roller.
Pelo sim, pelo não, uma irmã de Daniel Goulart, Edilene, foi convenientemente nomeada pelo governador Ronaldo Caiado para um cargo de salário elevado na Secretaria de Governo, onde, teoricamente, assessora o titular Ernesto Roller (veja acima print do decreto de Caiado). Uma coisa dessas não acontece por acaso. É um agrado e tanto. Mas pior ainda foi Sérgio Cardoso acompanhar Daniel Goulart na aprovação na marra das contas de Roller. O PSDB pagou caro, nas eleições do ano passado, pela nomeação dele, Sérgio, para o TCM, triste ato de abertura do governo tampão de Zé Eliton – que, por isso, ficou manchado pela nódoa do uso de vantagens da máquina pública para atender a interesses familiares de Marconi. O troco que ele dá, agora, é se alinhar com os adversários – por razões ainda desconhecidas.
Apreciação de contas de gestores públicos em tribunais de conta têm sempre um componente político. Mas, sempre, há aspectos administrativos e legais a considerar. Foi nesse sentido que o conselheiro Francisco Ramos, aliás da cota técnica do TCM analisou a contabilidade de 2017 de Ernesto Roller em Formosa e concluiu pela sua irregularidade. Outro conselheiro da cota técnica, Fabrício Macedo Motta, acompanhou. Mas Daniel Goulart e Sérgio Cardoso, arrastando junto o conselheiro Valcenor Braz (outro marconista), providenciaram a aprovação e liberaram Ernesto Roller de um problemão. Vale lembrar que ele, como portavoz de Caiado, é quem mais bate, ataca e critica Marconi. Os adjetivos que ele dedica ao tucano são os mais pesados possíveis: irresponsável, corrupto, incompetente e desonesto.
Some-se a isso, para estabelecer um clima negativo dentro da bancada pró-Marconi na Assembleia, os telefonemas diários de Jayme Rincón, a pretexto de orientar os deputados e exigir postura mais dura em relação ao governo Caiado. São ligações que irritam e deixam todos à beira de um ataque de nervos. E nas quais ninguém acredita, dado ao que fazem aliados que deveriam estar enfileirados com a oposição.