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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

27 dez

Deputados da base de Caiado que votaram contra as reformas protagonizaram página triste da história de Goiás ao se opor à sociedade e agora precisam ser politicamente responsabilizados

Cinco deputados estaduais da base do governado Ronaldo Caiado votaram contra as reformas que a Assembleia Legislativa aprovou, em um movimento combinado entre Executivo e Legislativo para criar condições para a superação da situação de calamidade financeira em que o governo de Goiás foi deixado pelas gestões do PSDB. São eles: Major Araújo, Karlos Cabral, Virmondes Cruvinel e os delegados Humberto Teófilo e Eduardo Prado. Sob alegações variadas, mas todas relacionadas com corporativismo e até uma dose de interesse pessoal, já que são funcionários categorizados ou têm familiares muito próximos nesse status profissional, eles rabiscaram com suas garatujas uma página triste da história do Estado, defendendo o retrocesso e o atraso.

O que eles pretendiam? Que, seguindo contra a corrente da maioria dos Estados brasileiros e do governo federal, Goiás continuasse com uma legislação arcaica, que garante privilégios inaceitáveis para os seus funcionários públicos e as suas respectivas aposentadorias. Essa é a verdade. Com essa motivação, os cinco, mesmo integrando a base de Caiado na Assembleia e usufruindo das tremendas vantagens que decorrem daí, como a nomeação de indicados para cargos de confiança no governo, resolveram fazer bonito para o pequeno contigente de goianas e goianos que estão na carreira pública – em detrimento inclusive dos colegas deputados que ficaram firmes e deram ao governador o respaldo legislativo indispensável para a sua agenda reformista.

Caiado, mostrando uma mão firme que os seus antecessores não tinham, já exemplou um deles, o delegado Humberto Teófilo – despido das suas regalias fisiológicas antes mesmo da conclusão da votação. Os quatro restantes seguem, por ora, desfrutando dos bônus do poder, mesmo sem ter assumido os ônus. É óbvio que isso não pode continuar assim. Houve uma quebra de confiança, toxica para a unidade da bancada do governador. Tanto que o noticiário político já registra a cobrança que os parlamentares fiéis, aqueles que enfrentaram desgaste com o funcionalismo, estão fazendo ao Palácio das Esmeraldas: que, tal e qual o delegado Humberto Teófilo, os quatro que a ele se associaram igualmente paguem a conta da infidelidade.

É não só necessário como também justo. Se tivessem algo mais na cara além dos pelos da barba, eles já teriam renunciado com honra e dignidade aos favores que receberam do Executivo em troca dos seus votos na Assembleia. Após negar apoio às reformas, mergulharam em silêncio, fingindo-se de mortos, para ver se escapam do preço pela independência que nunca tiveram, mas exercitaram em uma jogada malandra de conveniência para agradar suas supostas bases entre os servidores públicos.

Em política, não há bobos nem inocentes. Menos ainda esses cinco deputados. Compete ao governador Ronaldo Caiado arbitrar o conflito que reduziu momentaneamente a sua base parlamentar, na prática dispensando-os das nomeações que têm no governo e redistribuindo esse butim aos que foram leais – aos seus princípios, ao povo de Goiás e ao compromisso com o governador. E depois, com tempo, recompor a bancada.