“Fico” de Jânio Darrot é a maior derrota política de Marconi em toda a sua carreira, ao ser obrigado a abrir mão do controle sobre o PSDB e da escolha de candidatos em Goiânia, nos municípios e em 2022
Derrota eleitoral, todo mundo sabe que o ex-governador Marconi Perillo tomou uma monumental em 2018. Mas, politicamente falando, em nunca perdeu uma parada dentro do seu partido, o PSDB, que em 20 anos de poder em Goiás sempre foi submisso às suas decisões e orientações. Atenção, leitora e leitor: isso mudou. Marconi não manda mais no PSDB. Ao se ajoelhar ao prefeito de Trindade Jânio Darrot, para suplicar que continuasse no comando estadual da legenda e evitasse uma implosão de proporções imprevisíveis, ele engoliu uma situação que nunca viveu antes, em toda a sua carreira pública.
O “fico” de Jânio Darrot tem consequências trágicas para Marconi. Ele foi obrigado a aceitar um compromisso que dá ao presidente tucano uma autonomia que nunca nenhum dos seus antecessores teve antes. Jânio Darrot ficou livre para encaminhar o partido como bem entender, embora seja claro que ele, formalmente, irá comunicar ao ex-governador todas as suas resoluções, ouvindo-o como a um conselheiro e não como um mandatário. A primeira consequência desse novo cenário interno dentro do PSDB é a candidatura do deputado estadual Talles Barreto a prefeito de Goiânia, que Marconi, em princípio, vetaria – diante das críticas que o parlamentar tem feito ao seu estilo de fazer política, que Talles Barreto responsabiliza pela massacrante derrota em 2018.
Na sequência, o candidato a governador do PSDB em 2022, se a sigla chegar a ter um, será o próprio Jânio Darrot. Desde já. Marconi perdeu as condições de influir sobre essa definição e de, atendendo aos seus interesses de sobrevivência pessoal e política, deixar em aberto a indicação até a véspera do pleito, o que evidentemente manteria o seu nome na crista do noticiário e seria favorável ao seu esforço para continuar como um líder ferido, mas que poderia voltar a qualquer momento, em vez de ser considerado precocemente como uma carta fora do baralho.
Jânio Darrot é um bom candidato para 2022. Como o governador Ronaldo Caiado, exibe ficha limpa e uma conduta ética irrepreensível desde que deixou o mundo dos negócios, onde foi bem sucedido, para ingressar no terreno pantanoso da política. Currículo para postular o Palácio das Esmeraldas ele tem, embora representando um partido manchado pelas denúncias de corrupção e por uma gestão do governo do Estado que hoje é colocada em xeque, a exemplo do que disse o presidente da Assembleia Lissauer Vieira, ao lembrar que o PSDB vendia Goiás como “um lugar onde tudo era maravilhoso”, bastando perder uma eleição para mostrar que não era bem assim. Marconi perdeu feio em 2018 e agora perdeu de novo com Jânio Darrot.