Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 mar

Empresas e motoristas decidem parar o transporte coletivo em Goiânia. Estão corretos e evidenciam o quanto o MP está errado nas suas “recomendações” e também a prefeitura e o governo do Estado

Na ausência de decisões claras da prefeitura, do governo do Estado e do Ministério Público, este em especial mostrando uma atuação errática e sem fundamentação na crise do coronavírus, as empresas de transporte coletivo da grande Goiânia e os seus motoristas decidiram, corretamente, ressalte-se, paralisar as suas atividades a partir da próxima terça, 24 de março.

Estão cobertos de razão e merecem louvores. É um alívio. A situação é de emergência e não permite nenhuma contemporização. Fora do rumo, o Ministério Público Estadual está exigindo que toda a frota de ônibus seja mantida em atividade, o que contraria a recomendação mundial para o setor, que, resumidamente, tem a ver com uma orientação de paralisação total para evitar qualquer estímulo à movimentação das pessoas – é por aí que o vírus ganha velocidade para proliferar.

O governo do Estado e a prefeitura da capital também escorregaram ao não suspender o transporte coletivo, sob a desculpa de não atrapalhar a movimentação dos trabalhadores dos setores essenciais. Nada disso. A crise do coronavírus não permite esse tipo de hesitação. É tudo ou nada. Sistemas emergenciais podem ser estabelecidos, para garantir que os trabalhadores da saúde acessem os seus locais de trabalho, onde, embora correndo riscos, cumprirão a sua missão de combate à nova doença. As próprias empresas e parte dos seus motoristas manifestaram-se dispostos a manter as linhas que passam pelos hospitais. É o suficiente e é uma lição de solidariedade e patriotistmo. Quando o Estado não age, compete à sociedade preencher o vácuo. É o que está acontecendo.