Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

03 abr

Insensibilidade e omissão de Iris com o coronavírus destoam da média nacional e do que está acontecendo nas capitais, revelando um gestor frio e incapaz de solidariedade

Em plena emergência social e econômica com o avanço do coronavírus em Goiás e, em especial, nas grandes cidades goianas, o que se tem na prefeitura da capital é um administrador frio, quase desumano, incapaz de qualquer ato de solidariedade com as goianienses e goianienses sob pressão da pandemia – além, também, de se omitir quanto a ações concretas para reduzir o impacto da situação de calamidade pública que se abateu sobre todos.

Sim, leitoras e leitores: Iris Rezende lavou as mãos (sem trocadilho), inventou que o Paço Municipal está sob ameaça de um desmoronamento financeiro, depois de passar o último ano apregoando que “a situação fiscal de Goiânia é uma das melhores do país”, e não adotou até hoje nem uma única providência emergencial para apoiar a população – nem mesmo uma campanha de vacinação contra a gripe comum conseguiu fazer normalmente (os postos estão parados, sem sequer uma comunicação adequada à sociedade sobre o que está acontecendo).

Um hospital municipal foi adaptado e disponibilizado para atender aos pacientes da Covid-19, mas sob coordenação da Secretaria estadual de Saúde. Uma call-center foi montado para responder a dúvidas sobre a nova doença. Uma campanha publicitária, tardia, foi lançada para sugerir que todos intensifiquem os cuidados com a higiene pessoa. E só. Tudo isso é muito pouco e muito, mas muito abaixo da capacidade econômica da prefeitura, sim, a que era espetacular até um mês atrás, mas de repente tornou-se difícil e próxima de um colapso. É um comportamento que deslustra o passado de Iris, mesmo porque há tanta sobra de recursos na administração de Goiânia que O Popular denunciou a criminosa aprovação de aquisição em curso de um terreno, pelo Instituto Municipal de Assistência Social, no valor de mais de R$ 7 milhões de reais, nesta semana, engolindo um dinheiro precioso que poderia ir para o combate à pandemia e seus efeitos.

Ou Iris perdeu o controle ou tudo está de acordo com a sua histórica fome por obras e impostos – cujo pagamento ele se recusou a postergar, ao contrário de cidades vizinhas como Aparecida e Trindade ou de outras capitais brasileiras. Também fechou as portas para qualquer ação social, largando as dezenas de milhares de crianças desalojadas do acolhimento dos CMEIs sem a alimentação devida a elas, coisa que, na rede estadual, o governador Ronaldo Caiado resolveu através do pagamento de R$ 5 reais por dia, em dinheiro, para os alunos privados das aulas e da merenda escolar. Não dá conta sequer de proteger os lixeiros que continuam percorrendo as ruas com álcool gel disponibilizado apenas quando batem o ponto de entrada e de saída na Comurg.

Enquanto Goiânia, Goiás, o Brasil e o mundo se mobilizam para deter a progressão mortal do coronavírus e todos os níveis de governo se desdobram para minimizar seus efeitos, Iris, no mundo da lua, visita obras e anuncia com a boca cheia que nenhuma delas vai parar e todas serão inauguradas ainda neste ano. Pode ser. Viaduto não enche barriga. Nem cura. O preço do que Iris está fazendo, ou deixando de fazer, será elevado e será contado em cadáveres, instabilidade social e desespero das famílias que habitam a “cidade protegida por Deus”, como o prefeito irresponsavelmente definiu a cidade que comanda.