Para um bom entendedor, decreto de flexibilização de Caiado não flexibilizou nada, manteve o alerta de risco mortal do coronavírus e dividiu a responsabilidade com a população e os prefeitos
O governador Ronaldo Caiado acertou mais um tiro no alvo: o decreto desta segunda, 20 de abril, aparentemente flexibilizou as regras da quarentena imposta à população em relação ao novo coronavírus, mas, na verdade, manteve a maioria das restrições e colocou nas mãos dos prefeitos (em sua maioria, desqualificados) e da própria população a condução do isolamento social. Isso significa que a responsabilidade foi dividida e, a partir de agora, não está só nas mãos do governo do Estado, o que, na prática, pode e provavelmente vai levar a resultados desastrosos.
Goiás não está pronto para suspender o rigor da quarentena. Ainda falta cobertura hospitalar para uma explosão da Covid-19. Não há leitos em número suficiente nem material de proteção para as equipes médicas, como, por exemplo, no caso das estruturas de Saúde da prefeitura de Goiânia, que estão trabalhando sem dispor da segurança sanitária necessária, quase dois meses depois da chegada da pandemia. O número de respiradores é diminuto e não leitos nem convencionais nem de UTI para atender a um crescimento dos casos.
Caiado agiu corretamente. Manteve a sua orientação de continência coletiva. Porém, sob a pressão em que se encontrava, repassou a obrigação de manter a prevenção para os prefeitos e para o próprio povo, digamos assim. Não era o ideal. Mas o possível, no momento, diante da gritaria contra a distanciação. O que vem aí, é imprevisível, só que na direção de um agravamento do cenário, mais casos, mais mortes (há prefeitos, como o de Itumbiara, que liberaram o funcionamento de academias). O preço a ser pago será terrível, é a melhir aposta a ser feita neste momento.