Pesquisa Ibope/TV Anhanguera dá resultado diferente da pesquisa Serpes/O Popular, mas a credibilidade do último é superior à do primeiro (que tem um histórico de suspeições em Goiás)

Saiu mais uma pesquisa sobre as eleições em Goiânia, dessa vez por conta do Ibope, atendendo a encomenda da TV Anhanguera. O resultado não bateu, nem dentro da margem de erro, com o trabalho publicado uma semana antes pelo Serpes, a pedido de O Popular. Pelo Ibope, Vanderlan Cardoso, do PSD, e Maguito Vilela, do MDB, estão empatados tecnicamente, com vantagem para Vanderlan, na base de 21 a 20%. Pelo Serpes, Vanderlan está quase 10 pontos à frente de Maguito, aquele com 22,3 e este com 13% redondos.
Trata-se de uma baita divergência, que exige olho vivo. Nesse caso, até que as urnas façam o esclarecimento definitivo, é preciso definir em qual instituto acreditar. Diante dos seus antecedentes históricos de acertos, o Serpes leva vantagem – e grande. O Ibope, ao contrário, tem uma ficha corrida em Goiás de erros e até alguns episódios em que seus números contrariaram frontalmente a realidade, levantando inclusive suspeitas sobre a sua credibilidade. Nem vale a pena relembrar quais foram as suas derrapadas aqui no Estado, já que é notório que foram muitas, bem além do aceitável. O instituto, como se sabe, faz negócios a torto e a direito, contrata com partidos políticos (no momento, por exemplo, tem relacionamento comercial com o MDB nacional, cujo presidente é o deputado Baleia Rossi, amigo íntimo do presidente estadual em Goiás Daniel Vilela) e não tem receio de se expor com avaliações do eleitorado que destoam da maioria das empresas que atuam com responsabilidade no setor de pesquisas. E a TV Anhanguera, por iniciativa própria, jamais contrataria o Ibope, dado os seus desgastes em Goiás. Ela o fez por imposição da Rede Globo.
Em um ambiente de campanha a mais fria possível, as duas pesquisas foram realizadas com dados levantados com uma semana exata de diferença. O Serpes encerrou a sua no dia 24 de setembro, enquanto o Ibope concluiu no dia 2 de outubro. Uma semana apenas, o que não caracteriza um prazo razoável para que uma mudança dessa magnitude acontecesse, ou seja, para que Maguito experimentasse um crescimento de quase 10 pontos, ainda mais em um ambiente de campanha fria, sem movimentação significativa dos candidatos e na ausência de fatos objetivos capazes de justificar um novo quadro eleitoral. Os índices do Ibope, portanto, não merecem fé pública. Devem ser vistos com desconfiança, mesmo porque faltou uma informação decisiva no cadastro publicado pela TV Anhanguera e depois reproduzido por O Popular: qual foi a empresa goiana terceirizada que foi a campo para aplicar os questionários do instituto, uma vez que ele não manda, como nunca mandou, suas equipes de rua para levantar dados em Goiás? Seria crucial conhecer a resposta a essa questão. Uma palavra final sobre o Ibope: quando as suas pesquisas são orientadas tecnicamente, sem injunções de bastidores, os números produzidos são, sim, confiáveis. A questão é discernir sobre esse “quando”.
Em época de eleições, pesquisas são manipuladas com a maior facilidade. Há fórmulas e fórmulas para isso, desde a elaboração do questionário até o suborno direto do instituto. Não há limites, nem mesmo a obrigatoriedade de registro na Justiça Eleitoral, que é apenas formal e não diz respeito a qualquer conteúdo. O QG de campanha de Maguito conseguiu criar um fato para dar alguma motivação para os seus apoiadores, militantes e partidários. Mas, podem apostar, leitoras e leitores, vai durar muito pouco, ou seja, até, no máximo, a próxima pesquisa Serpes/O Popular, que ainda não tem data para ser publicada.