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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

17 jul

Cortar jamelões é o que o prefeito não eleito Rogério Cruz tem a oferecer como realização para as goianienses e os goianienses? Podem apostar, essa gestão não vai dar certo

Sem uma proposta global para Goiânia, o prefeito não eleito Rogério Cruz adotou uma estratégia de realizações miúdas no dia a dia, o “varejão”, para tentar convencer e justificar o seu mandato, até agora sem rumo e disperso quanto aos objetivos. A última é o corte dos jamelões, também conhecidos como “azeitona preta” pelos seus frutos que caem e acabam provocando o descontrole de veículos e acidentes, especialmente com motos, devido aos escorregões – são mais de mil plantados nas ruas da capital, em uma decisão equivocada tomada no passado, dos quais 104 serão agora extirpados e em seguida paulatinamente os restantes.

Em condições normais de vida no Paço Municipal, isso não seria notícia. Ou mereceria um rodapé. Os pobres jamelões desapareceriam sem chamar a atenção. Ocorre que, com um prefeito que busca desesperadamente um propósito para alicerçar a sua gestão, dividida hoje entre a conclusão das obras de Iris Rezende e a procura de uma razão para existir, ganharam notoriedade. É a estratégia de juntar os miúdos para tentar construir algo robusto, que nunca dará certo. Para piorar, o legado de Iris incomoda porque, para sempre, a cada inauguração, a identificação será com o velho cacique e não com Rogério Cruz, obrigado a finalizar o que recebeu inacabado, mas jamais servirá para corroborar o seu desempenho como gestor de Goiânia. Com Maguito Vilela prefeito, seria diferente. Automaticamente, a semelhança de porte entre um e outro daria a ambos os créditos, sem prejuízos a qualquer deles, pelas suas dimensões políticas e pessoais praticamente equivalentes.

Seis meses depois de iniciada, a gestão de Rogério Cruz confirma que o estelionato eleitoral de 2020 jogou Goiânia em uma aventura cujas consequências deletérias estão só no começo e prometem atazanar a vida da capital com uma coleção de equívocos administrativos e gerenciais, haja vistas à polêmica da recalibragem do IPTU – que, acreditem ou não, leitoras e leitores, vai facilitar para os imóveis de valor elevado e complicar para a maioria da população. Enquanto isso, no alto do Park Lozandes, o prefeito e seus articuladores evangélicos do Republicanos, em meio à desordem instaurada no Paço Municipal, onde pouca gente sabe o que está fazendo, oram fervorosamente para que ninguém da imprensa tenha a ideia de contratar e publicar pesquisas de avaliação – na certeza de que os índices apurados serão tão desastrosos quanto os da época do falecido e mal amado Paulo Garcia.