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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 set

Grande empresariado de Aparecida entra no jogo para tentar pacificar as relações entre Mendanha e Daniel Vilela, mas não só: eles também articulam uma reaproximação entre o prefeito e o governador

Despontou um movimento de proporções entre os grandes empresários de Aparecida, liderados pelo big boss José Luiz Celestino(foto acima), que tem ligações com a família Vilela (foi, inclusive, secretário de Administração quando Maguito Vilela governou Goiás) e é dono da Costa Brava, uma das mais conceituadas e maiores empreiteiras do Estado, embora com atuação quase que restrita à prestação de serviços à prefeitura aparecidense no momento – lembrando que Celestino também foi presidente da ACIAG, a poderosa instituição de classe que representa o PIB do município, o 3º maior de Goiás – e o objetivo é pacificar as relações entre Gustavo Mendanha e Daniel Vilela.

Pois bem: no último fim de semana, na casa de Celestino, encontraram-se face a face Mendanha e Daniel. O empresário falou sobre os prejuízos para a economia local que um desentendimento entre os dois, em uma disputa envolvendo as eleições de 2022, poderia trazer, ao quebrar a estabilidade política sobre a qual, no seu entendimento, se assenta hoje a economia de Aparecida – um eixo sólido que foi construído pelas gestões de Maguito com base no seu celebrado espírito de conciliação e moderação, em perfeito entendimento com o governo do Estado, na época sob o controle de um adversário, Marconi Perillo, do PSDB, situação partidária que não causou nenhum prejuízo para o desenvolvimento da cidade.

Mendanha e Daniel ouviram atentamente. Celestino ressaltou que, para o mundo dos negócios, seria importante não só que os dois caminhassem juntos, como também que prefeitura e governo do Estado voltassem a se alinhar, em benefício do município, que não se procurassem culpas e que mágoas fossem deixadas de lado, propondo-se, ao lado de Daniel, a acionar o governador Ronaldo Caiado para que tomasse a iniciativa de um telefonema a Mendanha, com o compromisso de que seria bem recebido e bem tratado, para dar partida a um processo de reconciliação que na sua visão seria positivo e importante para todos, em especial quanto as condições que a economia aparecidense demanda para continuar crescendo.

Na sequência, Daniel se manifestou, aceitando a argumentação de Celestino. Mendanha, não. Falou longamente, descreveu em detalhes todas as suas reclamações, três, na verdade: 1) julga-se perseguido pela Polícia Civil com os inquéritos abertos para investigar a prefeitura, 2) não superou o apoio incisivo de Caiado a uma adversária na campanha de 2020 e 3) e acredita ser vítima de um suposto cerco de mídia. Não houve contestação a essas colocações nem se discutiu a justeza ou não de cada uma delas. Aconteceu, sim, uma confluência no sentido de que tudo pode ser resolvido e todos os equívocos desfeitos, notadamente através de um contato direto, via telefone, entre Mendanha e Caiado.

Celestino não deixou de alertar para os riscos de uma aventura eleitoral de Mendanha em 2022, desestabilizando o arcabouço político-administrativo construído por Maguito para sustentar o crescimento econômico de Aparecida. Daniel foi comedido, entendendo que a oportunidade estava servindo para o prefeito desabafar as mágoas e colocar suas cartas na mesa. Propôs uma reflexão, a partir dali, para em seguida, em um novo encontro, seguir com a discussão. Mas pediu, e Mendanha concordou, que se suspendesse a ideia de uma carta aberta ao diretório estadual do MDB em defesa da candidatura própria, o que poderia acirrar os ânimos. OK, aprovado: a ideia da carta, por ora, está suspensa.

Talvez as coisas, em razão do tempo prolongado gasto com a reunião, não tenham se dado com tamanha exatidão assim como narrado nos parágrafos anteriores. Mas, em essência, foi como a conversa fluiu. Celestino, a propósito, deixou claro que está credenciado pelos 10 maiores empreendedores com investimentos em Aparecida, todos ansiosos por um abrandamento do quadro político e interessados em evitar uma disputa eleitoral em 2022 que eles entendem como nociva para a economia local. Daniel e Mendanha saíram em clima de apaziguamento, um com a missão de levar os assuntos tratados a Caiado, o outro prometendo suspender as hostilidades, por ora. Uma distensão, ainda que não se saiba em quais termos ou em que proporções, entrou no radar para os próximos dias e próximas semanas.