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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

10 set

Coluna Giro aposta na iminência da desfiliação de Mendanha do MDB e induz as leitoras e os leitores em erro sobre o que está de fato acontecendo dentro do MDB: uma conciliação está a caminho

Se vc, leitora ou leitor, tem interesse pelas divergências entre o presidente estadual do MDB Daniel Vilela e o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha e está acompanhando a evolução dessa crise apenas pelo noticiário de O Popular e em especial da coluna Giro, teoricamente o espaço mais importante da cobertura política em Goiás, saiba que nada do que tem sido publicado por lá é verdade.

Os jornalistas da área política de O Popular são vítimas de uma síndrome perniciosa: acham, sempre, que qualquer coisa que possa ser negativa para o governo, seja qual for e em que época for, deve ter prioridade nas páginas do jornal. Nisso, são cegos. Basta ver as perguntas camaradas que a repórter Fabiana Pulcineli faz a oposicionistas e as bolas que ela levanta para que eles chutem a gol. E o comportamento contrário, quando se trata de entrevistas de lideranças ligadas ao governismo, repetindo, qualquer que seja, dependendo da época. O PSDB, no passado recente, foi a vítima preferencial desse desvio de comportamento profissional. Agora, passou a ser beneficiado… porque é parte do que resta da oposição em Goiás.

Segundo o dia a dia da coluna Giro, Mendanha já teria se decidido sair do MDB, pronto para anunciar esse movimento logo após a inevitável formalização da aliança entre o partido e o DEM, em uma jogada de impacto para prejudicar o acordo. É falso, uma infantilidade. Observem que Mendanha anda calado, na moita. Por iniciativa de empresários de grande porte de Aparecida, ele se encontrou com Daniel Vilela (na casa do dono da Costa Brava, empreiteira tamanho gigante do maguitista apaixonado José Luiz Celestino) e acertou alguns pontos que podem levar a uma pacificação entre os dois. Ou seja: Daniel reconhece a importância de Mendanha, alimentando a sua vaidade, e programa uma consulta às bases do MDB que não seja tão resumida quanto ele queria nem tão ampliada quanto o prefeito aparecidense defendia. Só crianças – e a coluna Giro – não sabem que, em qualquer um dos casos e em especial em um meio termo, o resultado será a apuração do apoio esmagadora da maioria emedebista à reeleição de Caiado e à indicação de Daniel Vilela para a vaga de vice. O E da Coisa, como diz o contundente comentarista Reinaldo Azevedo, é a criação de uma saída honrosa para Mendanha escapulir do beco sem saída em que se meteu.

As tratativas podem até não dar certo, mas, digamos assim, processam-se em um cenário de otimismo entre as partes. Mendanha foi longe demais no blefe sobre a sua candidatura, que ele, fora do MDB, não tem a menor condição de sustentar, a não ser submetendo-se aos desígnios de figuras das quais ele desconfia, como o ex-governador Marconi Perillo ou o ex-ministro e presidente estadual do PP Alexandre Baldy. Além disso, em Aparecida, entre as estruturas evangélicas que o sustentam e o empresariado dos polos industriais, é notório o anseio para a sua reconciliação com Caiado, de modo a evitar prejuízos para os interesses desses dois grupos que alavancam tanto a política quanto o mundo dos negócios local.

O Popular sonha com uma ruptura dentro do MDB capaz de constranger Caiado e seu novo parceiro Daniel Vilela. Pelo rumo que as articulações tomaram, isso dificilmente vai acontecer, tendo uma solução conciliatória crescido nas últimas horas, em especial pela intensificação das conversas entre o ex-deputado federal Euler Morais, como representante de Daniel, e todos os envolvidos, empresários, pastores (beneficiados pelas doações milionárias da prefeitura de Aparecida e desejosos por um ambiente de paz que não complique o faturamento) e Mendanha, atrás de uma confluência que não é nada mais nada menos do que um evento no dia 15 de outubro, uma sexta-feira, na sede do diretório estadual do MDB, quando as tais bases se pronunciaram, presencialmente ou via online, sobre a aliança com o DEM – claro, com resultado mais do que previsível a favor.

No entanto, seria um fato capaz de abrir espaço para que Mendanha respire e se sinta reconhecido na sua importância dentro do MDB. Sem problemas. Daniel está disposto a atender a essa demanda. A notícia de que Mendanha está pronto para deixar o partido, assim, é fantasiosa, representando mais um investimento da coluna Giro e do jornalismo político de O Popular e seus conceitos éticos distorcidos, valendo frisar, leitores, que não existe jornalismo neuro, há sempre alguma ponta de interesse em tudo que é publicado. Pior ainda quando se trata de um veículo sem fibra e sem linha editorial digna de respeito.