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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 set

Hospital Municipal de Aparecida, vitrine da gestão de Mendanha (aliás, era), transformou-se em antro de corrupção e mais uma vez é alvo de operação da Polícia Civil

Pelo menos duas dezenas de agentes da Polícia Civil amanheceram nesta quinta-feira, 16, no Hospital Municipal de Aparecida, vitrine da gestão do prefeito Gustavo Mendanha – até que ele mesmo, depois de operações passadas investigando corrupção na condução do hospital, deixou de falar e de propagandear a suposta excelência do estabelecimento. Em inquéritos anteriores da Polícia Civil, a mulher do secretário municipal de Fazenda André Rosa foi flagrada em uma sala despachando exames laboratoriais superfaturados. Sim: Edlaine Rosa estava lá, com as mãos na massa. Intimada a depor, ela e também o marido alegaram o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmos e permaneceram calados durante os depoimentos.

Mais suspeitos, impossível. Mendanha, na época, não deu um pio. Como não teve a ombridade de se pronunciar nesta quinta, fingindo que não é com ele, mandando a Secretaria de Saúde emitir uma nota balofa. Mas mantém André Rosa na sua equipe, como gerente do bem fornido caixa da prefeitura e rei das consultorias sem licitação, desafiando as evidências e confiando na impunidade. Agora, nesse novo inquérito, a Polícia Civil está levantando pagamentos à OS que gerencia o HMAP baseados em notas frias, além da transferência imediata de dinheiro, a cada crédito, para “pessoas íntimas”, conforme a expressão usada pelo delegado que comanda a Operação Parasitas. Quem são elas?

Aparecida está podre. Como a oposição foi cooptada via folha de pagamento da prefeitura, o grupo de Mendanha tomou os freios nos dentes e acha que pode tudo. É bom que todos saibam, leitoras e leitores, que a defesa da candidatura própria do MDB em 2022, bandeira do prefeito, não passa de fachada para a sua insatisfação com as investigações, que ele atribui espertamente a uma perseguição do governador Ronaldo Caiado e não às irregularidades que saltam à vista: o secretário de Saúde de Aparecida, para quem não sabe, está condenado à prisão por desviar recursos do Hospital Araújo Jorge – logo esse – e só não está na cadeia porque, como todo criminoso, se aproveita da fartura de recursos que a legislação penal do país oferece aos réus, até mesmos os mais depravados. Será que, se por acaso as investigações cessassem, Mendanha apoiaria a aliança do MDB com o DEM?

O HMAP é uma das joias do legado de Maguito Vilela para Aparecida e, por que não?, até mesmo para Goiás. Mas a gestão de Mendanha o mergulhou na lama mais infecta. Aos poucos, as sucessivas ações da Polícia Civil estão abrindo a sua caixa preta e expondo a imundície que não é compatível, de jeito nenhum, com um hospital, caso que é muito mais grave por envolver vidas. Anotem, leitoras e leitores, a corrupção em Aparecida não está só na área de Saúde. Vai muito além. Provavelmente está na raiz das divergências entre Mendanha e Daniel Vilela, podem apostar. Mas isso será objeto de outro comentário.