Políticos que admitem composição com qualquer partido ou qualquer grupo político, sem compromisso com ideias, mostram falta de coerência e ausência de princípios – e no final das contas perdem

Este blog tem uma ojeriza natural – e acredita que as eleitoras e os eleitores, também – por políticos que não mostram posições definidas e admitem, para atender aos seus interesses, qualquer acomodação em termos de partidos ou grupos. É aquela estória conhecida sobre alguém que quer se candidatar e sai procurando o que imagina ser o melhor para si, sem o menor compromisso com bandeiras ou com as aspirações da sociedade, praga que tomou conta da política brasileira e principalmente da sua vida parlamentar, estimulada uma legislação eleitoral casuística que incentiva o apequenamento dos políticos.
Para exemplificar e deixar essa linha de raciocínio bem clara: em Goiás, temos dois pré-candidatos ao Senado, nenhum com chances reais, Alexandre Baldy e João Campos, que diariamente repetem estar à procura de uma composição seja com a base do governo seja com a oposição para chegar às urnas de outubro. Para eles, tanto faz se situar a favor ou contra isso ou aquilo, o crucial é conseguir ajeitar as suas candidaturas – cujas possibilidades de sucesso, pela ausência de perfil majoritário que ambos ostentam, são escassas e dependem um verdadeiro milagre.
Baldy e Campos, sem perceber a mensagem de pusilanimidade que passam, se esmeram em entoar os dois uma cantiga igual: vão aguardar e oportunamente tentarão se meter nas chapas ou de Caiado ou de algum oposicionista, dependendo da conjuntura do momento. Não há palavra, empenho, engajamento, conexão com nada, seja uma visão sobre o futuro de Goiás seja a condenação ou a aprovação de linhas de políticas públicas mais ou menos produtivas para as goianas e os goianos. Nada. O que existe é a obediência cega a conveniências individuais e a busca mesquinha pelas condições mais vantajosas para as suas candidaturas, sem vinculação com conceitos, propostas ou concepções éticas, sem falar no vazio de conteúdo ou de significado coletivo para o Estado. E de fibra moral.
Isso não leva ninguém muito longe. Participar de eleições com espinha dorsal de borracha é construir uma derrota antecipada. No caso de Baldy e Campos, já se disse aqui que não possuem o perfil majoritário exigido para quem quer concorrer a um mandato senatorial, que exige um discurso universal, abrangente, muito adiante de uma candidatura proporcional, para deputado estadual ou federal. Essas se baseiam no mais das vezes em segmentos sociais localizados e colégios eleitorais circunscritos geograficamente. Há exceções? Sim. O Delegado Waldir é uma delas. Tem as suas bases específicas, como todo deputado federal, mas ultrapassa esse limite e recebe uma enxurrada de votos, talvez a maior parte, em razão da sua postura e das suas opiniões. Waldir é um dos poucos, em Goiás, que incorporou hoje as características para disputar o pleito para o Senado, tanto que foi o 3º colocado na 1ª pesquisa Serpes, atrás apenas de Marconi Perillo e Henrique Meirelles (que também têm perfil majoritário) por uma estreita diferença de pontos, enquanto Baldy e Campos se saíram mal.
Não por acaso, Delegado Waldir já apresentou sua definição: apoia a reeleição de Caiado, sendo ou não bem-sucedido na consulta que fez ao Tribunal Superior Eleitoral para confirmar a hipótese de se lançar de maneira avulsa para o Senado. Os outros dois, não. Admitem formar em qualquer chapa e proclamam essa disposição aos quatro ventos, quase que praticando um suicídio político, sem se preocupar com a reação do mesmo eleitorado cujos sufrágios eles querem para chegar ao Senado. Fazem um joguinho que se volta contra eles próprios.
Esse tipo de candidato dúbio nunca prospera, ao assumir uma ambiguidade que mantém na obscuridade o que viria caso conquistasse o mandato. Como não dão certezas, plantam dúvidas na cabeça das eleitoras e dos eleitores, caminho que só dá como garantia a perda de votos. Baldy e Campos, na essência, são e serão políticos menores, porque é assim que eles fazem questão de se exibir abertamente. O horizonte deles é a Câmara Federal, uma meta que se alcança com dinheiro, quanto a Baldy, ou com o apoio de faixas demarcadas da sociedade como os evangélicos, quanto a João Campos. Mais do que isso é querer muito.