Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

25 mar

Enquanto Mendanha perde tempo com vereadores de Aparecida, todos no seu bolso graças ao cabide de empregos da prefeitura, o Patriota, seu último cartucho, caminha para Caiado via Jânio Darrot

Vejam a foto, leitoras e leitores. Registra um encontro na manhã de hoje, 25, na casa do presidente da Câmara Municipal de Aparecida André Fortaleza, com praticamente todos os seus vereadores (não foi a vereadora Camila Rosa, do PSD, agredida há poucos dias em plenário por Fortaleza, em uma lamentável exibição de preconceito contra a mulher, que, a propósito, um inquérito já concluído da Polícia Civil considerou como criminosa). Está lá o prefeito Gustavo Mendanha, levantando os braços para cima como se houvesse alguma vitória a comemorar, o que em hipótese alguma não há: trata-se de uma turma que já está há tempos no bolso de Mendanha, cooptada às custas do maior cabide de empregos do Estado, o da prefeitura aparecidense. É mais do mesmo. Observem ainda: a única mulher é a primeira-dama Mayara Mendanha, pormenor acessório que mostra o machismo da política aparecidense sob Mendanha, cujo secretariado inflado de 27 pastas tem 25 ocupadas por homens.

Ora, Mendanha deveria estar atrás de lideranças de representatividade real em termos de Estado. Essa foto, portanto, apenas mostra mais uma vez a essência dos desacertos e erros seguidos, em escala monumental, que o prefeito vem cometendo. Sem querer ser desrespeitoso: é burro, palavra que o presidente estadual do MDB não quis usar para se referir a ele, preferindo “despreparado”. Tá: é despreparado. Lá está o moço, na casa de André Fortaleza, perdendo tempo com um grupo que já o apoia e não significada nada em termos de política estadual – grande e fatal calcanhar de Aquiles do prefeito, que não tem o apoio de nomes de peso nem o respaldo de qualquer tipo de aliado capaz de alguma influência mais ampla fora de Aparecida.

Mendanha, politicamente falando, é quase um coitado. Apesar da sua extraordinária votação em Aparecida, em 2020, todos os grandes partidos bateram a porta no seu nariz. Ele não soube o que fazer com esse capital. É preciso enxergar as consequências disso, ainda mais quando ele caminha para perder o apoio até do nanico Patriota, cujos quadros de maior destaque – o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot e o atual Marden Jr. – já migraram para a base de Caiado e estão preparando um verdadeiro cataclisma para o rapaz de Aparecida que se considera “mito” ou “fenômeno”: a inclusão do Patriota no projeto de reeleição do governador, mediante o trabalho de aproximação que está  em andamento entre Caiado e Jorcelino Braga, presidente do partido, por conta da mediação de Jânio Darrot.

O jornalista Divino Olávio conversou agora há pouco com o ex-prefeito de Trindade e ouviu respostas inequívocas: Jânio está se desdobrando para convencer Braga a colocar o Patriota  com Caiado, que ele acredita ser merecedor de mais um mandato pelo extraordinário trabalho de recuperação das finanças estaduais. “Falta pouco para o entendimento”, disse Darrot a Divino Olávio. Uma paulada e tanto na cabeça de Mendanha, já metaforicamente fraturada por uma série de outras cacetadas que vêm se sucedendo desde que se desfiliou do MDB, nunca mais acertou um único tiro no alvo e está hoje em uma situação humilhante, correndo o risco de ficar sem a alternativa até mesmo de tentar salvar as aparências abrigando-se em um partidinho qualquer.

É o que o Patriota seria para ele. Mas, para Caiado, ocorre o contrário. A conquista do apoio da legenda tem função estratégica, na medida em que deixa um adversário em estado de inanição partidária, sendo obrigado a recorrer a uma sigla ainda menor, tipo o Agir (antigo PTC, do deputado Cláudio Meirelles, ou o DC do inescrupuloso Alexandre Magalhães, este também escapando da área de Mendanha e indo para o terreiro do deputado federal Major Vitor Hugo). Para Braga, é a oportunidade de mostrar grandeza, alinhando-se aos interesses coletivos fundamentais de Goiás, como acreditava fazer na época em que foi secretário de Fazenda e primeiro-ministro do governador Alcides Rodrigues. E se unir a quem combate com efeitos concretos o seu grande inimigo, o ex-governador Marconi Perillo. 

Desista Mendanha, enquanto é tempo. Não ofereça a Goiás o espetáculo vexatório de uma candidatura que não tem base nenhuma e não representa nada a não ser um desejo infantil e pessoal.